100 Cuecas!

Capítulo 13

— Não foi nada premeditado e não aconteceu absolutamente nada naquela balada.

— E depois da balada?

— Não aconteceu nada entre eu e o Daniel. Sim saímos para uma balada. Não, não era uma balada GLS. Sim, ele dormiu na minha casa porque estávamos bêbados. Não, não ficamos e nem transamos.

— Como posso saber se isso é a verdade?

— Confiando em mim. Acreditando no que eu estou dizendo.

— Eu fiz isso. E você mentiu! Ainda perguntei se havia algo a mais que quisesse me contar e você disse que não. E depois encontro o cara que morava com você, o cara com quem você praticamente se descobriu, cara que já chegou a declarar que te amava, dormindo bêbado dentro da sua casa. Depois gravando CD com as melhores músicas da noite que tiveram, devolvendo boné que você pegou emprestado não sei porquê. Enquanto isso eu estava lá trabalhando naquela festa e com dó de ter deixado você longe e com dor de cabeça. Como você acha que eu me sinto, porra?

Ele levantou e começou a andar de um lado para o outro. Eu fiquei mudo. Me senti a pior pessoa do mundo depois do que ele falou.

— E agora eu te chamo para conversar e você já vem com "você quer terminar"? Está tão fácil assim para você tomar essa decisão? Essa não era uma opção para mim.

— Eu não quero te ver assim. Mas eu não quero me trancar em uma bolha e me afastar de todos que eu gosto e parar de fazer tudo o que eu gosto de fazer por conta do nosso namoro.

— Mentira e egoísmo é o que eu vejo em você nesse momento, Binho. E esses são os dois lados da moeda que você só compra tristeza e decepção. E outra, eu não quero te controlar e nem te impedir de fazer nada, só quero que você tenha empatia e tente entender o meu lado também. Quando a gente namora, temos que pensar por dois. Se é para continuar tomando decisões que só favorecem a você levando uma vida com as regalias de um cara solteiro, para quê namorar? Eu não quero que a sua felicidade seja o motivo da minha infelicidade e vice versa.

— Eu sinto muito. — Falei com os olhos cheios de lágrimas. — Eu só quis evitar confusão entre a gente. Não gosto desse clima. Eu só quis sair para me divertir e esquecer meus problemas.

— É para isso que eu estou aqui! Para que você possa dividir o fardo. Eu não posso resolver os seus problemas, mas eu posso estar do seu lado enquanto você os enfrenta. Entende?

— Alguns caminhos a gente que trilhar com as próprias pernas, Roger.

— Mas se você se cansar, você sabe que pode pedir para eu te carregar no colo. Eu o faria. Sempre.

Sequei duas lágrimas que escorreram dos meus olhos antes que elas chegassem ao meu queixo. Talvez eu fosse o problema. Talvez eu esperasse demais de uma relação. O que é sexo perto de alguém que quer estar ao seu lado em todos os outros momentos? Quantas pessoas eu não conheci, que só havia afinidade na cama? Inúmeras. Há casais héteros e homossexuais que primeiro acertam o sexo para depois descobrir se os dois dão "match" em todos os outros aspectos que tornam a convivência a dois aceitável e prazerosa.

Roger se aproximou, segurou meu rosto com suas mãos enormes e passou os polegares do meu nariz até minhas têmporas. Trouxe seu rosto para perto do meu e me beijou uma vez. Em seguida, me beijou novamente. E de novo. E quando dei por mim, estava com a cabeça inclinada sentindo sua língua úmida dançando com a minha dentro da minha boca. Joguei meus braços ao redor do pescoço dele e ele me fez andar de costas até a cama. Com cuidado, colocou o braço atrás das minhas costas e me fez deitar delicadamente na cama sem parar de me beijar.