Capítulo 26

3.4K 614 36
                                    


Genteeeee... um ótimo final de semana pra vocês. ♥


Alexandre


Estar de volta é tão estranho. Eu sei que não faz muito tempo, afinal, faz quase dois anos que arrumei minhas coisas e fui embora. Mesmo assim, a sensação é que se passou bem mais. É como se eu tivesse em um lugar que não tem mais nada a ver comigo. Onde eu não pertenço mais.

Assim que abro a porta do meu antigo apartamento, sinto o ar prender dentro dos meus pulmões. Tudo ainda está intacto. A sala decorada pela Marissa não foi alterada. Nossas fotos que estão espalhadas pelo ambiente dão o ar de família perfeita, assim como eu imaginava que era. Fotos de viagens, do casamento, da gravidez. Tudo era registrado e exibido para quem chegasse. Eu queria mostrar ao mundo o quanto eu era sortudo por ter uma esposa perfeita. Tudo não passou de uma mera ilusão.

Jogo minha bolsa no sofá e, com as pernas trêmulas, caminho até o meu quarto, onde tudo aconteceu. Ao entrar, sinto um calafrio atingir minha alma. Engulo o nó que se forma em minha garganta. Se fechar os olhos, consigo recordar tudo o que ocorreu nos mínimos detalhes. A cama grande está arrumada, as roupas ainda no closet. Eu sou capaz de ainda sentir o cheiro dela. Ouvir sua risada exagerada ecoando aqui dentro.

Meu peito dói. Não de amor ou de saudade, dói de decepção. Dói porque eu pensei que eu jamais conseguiria amar outra pessoa da mesma forma. Nesse ponto eu estava certo. A forma que eu amava Marissa era diferente. Era egoísta, impura, cega. O que sinto pela Clara é totalmente diferente. O oposto.

Cansado depois de algumas horas de ônibus e depois pegar um voo que atrasou, só preciso descansar. Quero dormir e tentar acalmar a mente. Caminho até o quarto da Isadora, que ainda continua o mesmo também. Bagunçado, roupas espalhadas como se ela estivesse por aqui. Eu sou capaz de ouvir sua voz e suas reclamações pela manhã para não ter que acordar cedo. Eu quem a acordava, passando minutos até que ela abrisse os olhos inquietos.

Entro no seu banheiro e começo a me livrar das roupas. A água fria desce pelo meu corpo, me deixando mais relaxado. Não quero ter que pensar demais agora. Não depois de estar exausto. Amanhã eu coloco tudo em ação.

Deitado na cama da Isa, mando uma mensagem rápida para a Clara apenas para deixá-la tranquila. Antes que ela possa responder, eu começo a sentir meus olhos pesando.

Acordo com o corpo mais leve, menos cansado. Porém, a ansiedade tomou conta de cada nervo. Eu preciso acabar logo com isso, porque tudo que eu penso se relaciona a ela, na mulher que tem feito da minha vida melhor. Confiro meu celular e a resposta dela veio para mim depois de algumas horas que enviei. Sorrio, mandando outra.

"Também estou sentindo sua falta. Mais do que pode imaginar."

A resposta não vem de imediato, então eu ligo para o seu número, que acaba chamando até cair. Que droga!

Penso em ligar para o número da pensão, mas não quero ter que correr o risco de o Eduardo atender e me exigir explicações. Ele vai ser um dos mais afetados quando souber de tudo. Por isso, preciso fazer tudo de modo silencioso para dar uma rasteira naqueles dois miseráveis. Quero descobrir quem roubou os documentos, apesar das possibilidades não serem muitas. Laila é quem vem a minha mente. Talvez Clara tenha razão em relação a cunhada. Sinto pelo Eduardo, que vai acabar sendo destroçado quando descobrir. Melhor que isso aconteça o mais rápido possível.

Depois de tudo arrumado, saio do quarto. Não posso ficar aqui dentro sem reviver o passado. Me faz mal. É algo que não faço questão de que habite meus pensamentos.

Recomeçando ao seu ladoWhere stories live. Discover now