Infinitos

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Infinitos

   Na nossa multidão de finitos, dois infinitos se encontraram. Talvez quem imagina a cena pela primeira vez, precipitadamente, visualize o encontro do tempo e do espaço, formando o universo. Os mais trágicos enxergam o dramático embate entra a vida e a morte. Acontece que o infinito depende de referencial, podendo uma alma ser assim para outra.
Seria essa a união perfeita? Acontece que alguns infinitos são maiores que outros. Não ter fim é diferente de ser eterno. Podemos ser um ciclo de recomeços ou a inexorável constância. Juntá-los é contra a entropia, são essências impenetráveis que nunca hão de fundir. É utópico.
   O utópico, porém, é combustível. O neutro é intragável, o utópico é um banquete. É um eterno desejo, formando em comunhão com aquelas duas almas dessa história uma Santíssima Trindade do Infinito. Como "santíssima", se não é dogmática? Em suma é uma junção pecaminosa. Seu cerne contraria a ordem natural das coisas.
   Naturalmente, não nos importamos de seguir contra o fluxo. O sentido dos rios de nossos desejos é passível de inversão. Mas há resistência: quebrar o dogmático é caótico e insano! A sanidade, entretanto, é sem sal. Nosso paladar é viciado em caos.
   Entropicamente, assim, seguimos contrariando nossos instintos. Viver é a busca incessante de tornar o finito sem fim. Não aprendemos ainda que a única entidade inexorável é a morte. Colocar o amor, um eterno recomeço, nessa mesma categoria, é morrer exponencialmente a cada dia. Até o infinito.

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⏰ Last updated: Aug 06, 2018 ⏰

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