Prólogo.

4.8K 180 10
                                    

JULIANA.

..." e estamos entrando no segundo dia de confronto aqui na favela da Rocinha, tudo está muito tenso. Lembrando que este confronto começou quando o morro rival tentou invadiu a Rocinha, segundo informações da polícia está invasão está quase no fim, a população está em pânico, mas tudo indica que está acabando, segundo informações 15 pessoas saíram feridas incluindo 2 moradores e 5 mortos, todos eram envolvidos com o tráfico. Não conseguiram pegar os chefes dos dois morros, mais o confronto está no final..."

Estamos todos apreensivos, nos como hospital referência estamos recebendo a maioria dos que foram feridos, hoje já realizei cinco cirurgias e perdi as contas de quantas consultas dei. Eu amo minha profissão e diga-se de passagem sou ótima no que faço, mas estou tão cansada, que com certeza chegando em casa vou apagar por dois dias no mínimo " chamando doutora Rodrigues na sala oito, urgente" é né chega de pensar, levanto jogando meu copo descartável de café no lixo e pegando meu jaleco - o dever me chama, tchau gente- saio da sala de descanso ouvindo os meus colegas me desejarem boa sorte. Vou até a sala oito, entrando vejo um paciente na maca e algumas enfermeiras.

- Qual quadro clínico? - pergunto a uma delas.

- Ferimento a bala na coxa direita dr- fala me entregando o prontuário.

-Encaminha para a ortopedia- falo examinando o prontuário e olhando o paciente que está até calmo, deve ser o sedativo.

- Infelizmente o único cirurgião de lá está em uma cirurgia e pelo jeito não vai sair tão cedo, o Dr. Olavo pediu para a senhora pegar o caso - Bufo, não que eu não queira mais essa não é minha especialidade, e infelizmente tem algumas rinchas que rolam no hospital e prefiro não entrar onde não é de minha alçada. Olho os exames e penso, vamos a mais uma cirurgia.- preparem a sala de cirurgia 2, mande pra lá duas bolsas de sangue caso precisemos e mande o interno Nicolas para me auxiliar, por favor amores- olho para o paciente, não realizo nenhuma cirurgia sem antes conversar com os pacientes e me apresentar  e concluir dizendo que vou fazer o possível e até o impossível pela sua saúde.

- Olá, meu nome é Dr Juliana, hoje eu que vou fazer sua cirurgia, de acordo com os exames a bala está alojada, amis vai ser fácil tirá-la daí - pisco para o mesmo

- Nossa a senhora parece um anjo, bate suas asas para eu ver ?!- é com certeza ele está com morfina, dou risada e me despeço.

Saio da sala e me apresso para me desinfectar e me preparar para a cirurgia. Entro na sala, a enfermeira me ajuda a calçar as luvas.

- Todos preparados?! - todos fazem sinal de positivo- solta o som Nick - uma música começa a tocar ao fundo, sim eu me sinto mais relaxada ouvindo música, ainda mais se for a Jessie J.- vamos ao trabalho pessoal ....

***

P.H

- Chefe?! Chefe?! - ouço um dos soldados me chamar, mais não consigo responder. Minha boca está seca, parece que minha vida está se esvaindo junto com o sangue que sai do buraco que tem em meu abdômen.

" Eu sabia que aquele filho da put# do Marconi ia aprontar uma, aquele verme tava muito quieto, mas não, eu tinha que ter o subestimado, tava tudo muito quieto. Ontem de madrugada ouvi os tiros comendo solto, pelo rádio um dos vapor avisava pra geral que o pélássaco do morro rival estava invadindo, empurrei a Bianca de cima de mim, comecei a me vestir, coloquei minhas armas no cós da minha calça e sai apressado.

- Que merda é essa P.H ? O morro está sendo invadido e vc vai me deixar aqui sozinha ?? - estou descendo os degraus e a Bianca grita. Eu a ignoro e saio.

Quando chego lá fora encontro o Maiquin, meu sub.

- Quem esse porr# tá achando que é pra invadir minha área Maiquin?- já falo cheio de ódio entrando no carro

- Foi muito louco chefe, do nada ouvimos tiros, os vapor nem os fogueteiros conseguiram avisar a tempo, geral foi pego de surpresa- ele explica enquanto sai cantando pneu

- Filho de uma put#, como está a situação? Onde eles tão? Tem quantos na contenção e quantos na mata ? - falo já com minha cabeça a mil

- Chefe, eles ainda não conseguiram passar do primeiro posto, os muleke estão conseguindo segurar bem, na mata está tudo sob controle, é até estranho porque o certo seria eles atacarem pela mata onde é muito mais vulnerável, mais não estão - ele fala e imediatamente eu já me ligo no plano do filho da put#

- Já sei qual o plano dele Maiquin, eles não estão, atacando pra valer, o verme só mandou os cachorrinhos dele pra cá pra nós mostra a ele nosso poder de fogo, temos que ir pra cima, mas não podemos mostrar tudo que temos e se liga, vamos acabar logo com essa porr# antes que os cana cola aqui, porque assim vamos ter problema de verdade.- quando acabo de falar o Maiquin estaciona de qualquer maneira é nós já saímos abaixados, eu com minhas pistolas banhada a ouro na mão, vou abaixado até onde tão os muleke.

O tiro está comendo solto, os muleke não tem dó, solta o ferro mesmo.

- fala muleke, como está as coisas ? Tem ideia de quantos são ?- falo pra um dos meus soldados

- Óia só chefia, pelo o que consegui ver, que foi muito pouco, está parece que tem pelo menos uns 30, só conseguimos abater uns 3, e nosso somente dois estão feridos- fala com sua arma na mão, parece estar com a adrenalina lá em cima, está muito suado e ofegante.

- Tá valendo, agora vai lá pra entrada da mata que tem uns caras lá, fica dando suporte, qualquer coisa me passa um rádio- falo já pegando seu lugar

- De boa chefe- ele sai

Assim que coloco minha cabeça pra fora um pouco do muro que está nos protegendo, já passa um tiro de raspão na ponta da parede perto da minha cabeça .

- Que merda, vamos começa a brincadeira então...- falo com um sorriso psicopata no rosto, posiciono minha arma, coloco somente o suficiente para que possa ver com um olho só, e começo a atirar, uma bala pega na perna de um e ele cai, miro em sua cabeça e atiro, o sangue já jorra e ele bate com a cabeça sem vida na calçada.

Assim continua, a madrugada passa e vejo o dia raiar, já passa do meio dia e ainda estamos aqui. Começo a revezar os muleke, cansados eles não iam render nada, um sai é um entra e a bala cantando solta...

Quando dá lá para as 4 horas da tarde eu já me sinto muito cansado, atirei praticamente o dia todo, meus olhos já tão caído, e os caras parecem que não param de atirar os cana já estão subindo morro e mesmo assim os cara não mete o pé.

-Se liga só Maiquin eu tô indo lá para o barraco continua aí que eu vou comer uma coisa e já vou descer para tu subir, Jaé?

- Jaé chefe.

Quando eu me viro para começar a subir o morro, vejo um moleque que não é um dos meus, vir em minha direção se esgueirando em um beco, ele levanta arma e começa atirar uma bala pega na minha perna e outra no meu braço ainda assim levanto minha arma  e começo atirar nele, ele cai no chão mas ainda consegue levantar arma e atirar em minha direção a bala pega em meu abdômen e logo ao meu redor está cheio de sangue. Começo a perder os sentidos e os meu aliado vem em minha direção para me amparar começo a ouvir os cara me chamar mais não ouço muito, estou me perdendo na escuridão. "

E estou nessa desde ontem, entre ficar inconsciente e retornar a realidade, entre essas indas e vindas, ouvi algo sobre os verme meter o pé junto com os cana, chamarem um dos médicos do postinho, Maiquin igual uma put# escandalosa chingando geral e dando ordem e a Bianca chorando igual uma doida do meu lado.

- Chefe ?! Chefe?! - ouço alguém me chamar mais ainda continuo sem conseguir falar nada ...

Mas morrer sei que não vou, vaso ruim não quebra fácil nao ...

Doutora Do Amor.Where stories live. Discover now