Capítulo Um

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"Aguente, eu ainda quero você
Volte, ainda preciso de você
Deixe-me pegar sua mão, farei tudo certo
Eu juro te amar toda a minha vida
Aguente, eu ainda preciso de você
Eu não quero deixar ir
Eu sei que não sou tão forte
Eu só quero ouvir você dizendo, querida
"Vamos para casa"
"Vamos para casa"
Sim
Eu só quero levar você para casa"

Hold on - Chord Overstreet

Ainda acho que minha vida não faz tanto sentido desde que você se foi

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Ainda acho que minha vida não faz tanto sentido desde que você se foi. Dias após dias e eu ainda continuo na mesma, continuo trancafiada nesse quarto, meu irmão grita comigo, as vezes até me xinga.

Você sabe, ele sempre fez isso mas agora nem ligo mais, só você sabe o quanto vivíamos em um pé de Guerra. Mas desde que se foi nada é como antes, eu não ligo como antes, o deixo falando sozinho todas as vezes, finjo não escutar.

Nada me dói como antes e você sabe o quanto eu sou sentimental, ou pelo menos era. Chorei horrores quando me deixou, passei dias, semanas escondida entre as cobertas e molhando o travesseiro com minhas lágrimas que nunca cessavam.

Dias, semanas e meses, porque ainda estou trancafiada dentro do quarto pensando em ti, dois meses depois e eu ainda choro a sua ausência, embora não como antes, as lágrimas resolveram dar uma pausa e as vezes quando sinto muita saudade elas transbordam.

Meu pai como sempre nunca ligou, você sabe que ele já não fazia isso e quando você se foi, não foi diferente, ele ignorou a minha dor. Se quer ligou para desejar um mero "Meus pêsames" mas Sabe, isso não doeu, porque ele sempre foi assim e não seria sua morte que o faria mudar.

Meu irmão odeia o fato de você ter morrido, vocês eram melhores amigos mas esse não é o real motivo, ele diz que sua morte me destruiu, destruiu meus sonhos, minha vontade de viver e talvez ele tenha razão. Tranquei a faculdade e desde o seu velório não saio desse quarto.

Ainda sinto seu cheiro aqui, sinto seu toque como se estivesse presente, é como se nunca tivesse me deixado. Talvez eu esteja mesmo ficando louca como eles insistem em dizer.

Sua mãe me visita toda semana, na semana passada eu a mandei embora, não queria fazer isso mas ela disse que eu deveria esquece-lo e que seria melhor se eu saísse de casa e conhecesse pessoas novas, quem sabe até me apaixonasse de novo.

A dor me atingiu em cheio e eu fiquei furiosa, Por que ela estava me mandando te esquecer? Isso era tão errado, ela não deveria querer que eu esquecesse o próprio filho.

Ela me olhou triste quando a mandei sair, disse que sentia muito por tudo e que voltaria na semana que vem. E eu cai no choro quando ela saiu, estava tudo desabando desde que você se foi.

Provavelmente amanhã ela virá, ele sempre vem aqui nas sextas. E eu gosto da presença dela, ela me lembra você, Você tem os olhos dela, tão azuis, tão intensos. Me lembro de como me olhava com os olhos brilhando quando eu dizia que o amava, de como seus olhos escureciam quando me desejava.

Ainda sinto minha pele aquecer com seu toque, embora eu não o sinta a dois meses, eu realmente acho que eles tem razão, estou mesmo ficando louca.

Eu me lembro de tudo e juro que queria que tivesse sido eu. Eu vi tudo, vi todas os giros que o nosso carro deu, quando aquele maldito bêbado bateu seu carro no nosso. Eu vi seus olhos me olhando desesperados, vi no seu olhar que queria saber se eu estava bem e sim, eu estava, um pouco assustada mas estava.

Foram três giros, eu contei três giros, e fomos jogados para fora do asfalto, a cerca na beira da estrada foi arrancada com o baque do nosso carro, o carro que compramos juntos um mês antes do maldito acidente.

Lembro que quando o carro parou ficamos de cabeça para baixo, eu sentia uma dor insuportável nas pernas e sua cabeça sangrava, eu susurrei seu nome mas você não me respondeu, então eu gritei por você e só obtive seu silêncio. Foi aí que eu te perdi, eu soube naquele momento que não veria mais seu sorriso lindo e seu cabelo desgrenhado ao acordar, que não sentiria mais seu corpo quente me abraçando.

Eu gritei tanto pedindo por ajuda, porque no fundo eu ainda tinha esperanças de que você estivesse apenas desmaiado. E como eu queria que isso fosse verdade.

Lembro de acordar no hospital, meu corpo estava dolorido e minha boca seca, meu irmão estava lá, me olhava com pesar, seus olhos estavam vermelhos. Ele estava chorando, não só porque eu estava ali mas porque tínhamos perdido você, vocês eram melhores amigos e foi através dele que nos conhecemos.

Lembro que a primeira coisa que disse ao acordar foi seu nome, eu queria saber onde estava, se estava bem, porque eu ainda tinha esperanças. Uma esperança que foi despedaçada quando ele me disse que você não tinha resistido.

Você morreu na hora, na hora do maldito acidente, o outro carro bateu do seu lado. Eu ainda não sei como aquele maldito fez aquilo mas eu o amaldiçoo todos os dias por ter te tirado de mim. Mas pelo que soube, ele estava completamente alcoolizado, o desgraçado ainda está vivo, deveria ser ele e não você.

Tínhamos tantos sonhos, tantos planos, quando terminasse minha faculdade iríamos viajar o mundo, depois compariamos um apartamento, nos casariamos e construiriamos a nossa família.

Você me disse tantas vezes que seu sonho era construir uma família comigo, e você sabe que era meu sonho Também, eu sempre deixei bem claro o quanto te amava e o quanto era dependente do seu amor.

Talvez esse seja o meu maior erro, ter sido tão dependente do seu amor ao ponto de não conseguir viver sem ele. Juro que naquele hospital eu gritei por seu nome, eu gritei para que fosse eu, implorei para que não me deixassem viver. As enfermeiras me olharam assustadas, o Médico disse que eu estava descontrolada e mandaram me sedar.

E desde que recebi alta e fui mandada para casa, me tranquei no quarto, o quarto que tantas vezes dormimos abraçado. Seu cheiro ainda estava no travesseiro, eu não deixei que trocassem a fronha do travesseiro que você costumava usar. Sua mãe bem que tentou tirá-lo de mim mas eu não permiti.

Ela sempre me olha com pesar quando me visita, ela sente pena de mim, vejo isso nos olhos dela. Sei que ela pensa que uma jovem como eu, no auge dos meus vinte e um anos, não deveria estar trancada no quarto chorando por alguém que agora está morto.

Mas eu não consigo sair daqui, parece que estou traindo sua lembrança e tudo o que vivemos juntos.

Seu pai, bom, acho que ele me odeia. Parece me culpar pelo que aconteceu, porque naquele dia estávamos voltando de uma comemoração, estávamos comemorando o meu aniversário. Ele acha que se não fosse por isso, estaríamos em casa e nada disso teria acontecido, eu acho que ele tem razão e me odeio por isso. Amaldiçoo todos os dias a data do meu aniversário. Maldito vinte e um anos.

Eu não quero mais comemora-lo, nunca mais, porque foi nesse dia que perdi o amor da minha vida. Foi no dia quinze de agosto que eu te perdi para sempre. Eu odeio essa data.

Quinze de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora