Capítulo IV

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Após sua partida, Jorge pegou um mapa e começou a observá-lo. Haviam inúmeras aldeias e poderia escolher qualquer uma delas para começar sua busca. Durante meses, vagou solitário, dormindo em hospedarias nem sempre confortáveis, seguindo, muitas vezes, trilhas aleatórias. Nem as piores tempestades e inundações fizeram-no desistir de sua busca. A jovem de cabelos negros deveria estar em algum canto do mundo e ele a encontraria.

Um ano se passou, o dinheiro que trazia consigo estava no fim e ele precisava voltar para casa. Mas não retornou. Vendeu seu cavalo e passou a viver como mendigo, cavalgando uma pequena mula. Assim se vão dois anos, analisando centenas de rostos, procurando em cada um deles as feições de sua amada. Jorge completa seus 18 anos.

Em determinado ponto de suas andanças, já acreditava perseguir uma ilusão. Avistou uma cabana na beira da trilha e pensou ser esta também uma ilusão. Com fome, com sede e fraco, não teve forças para segurar-se no lombo da mula, nem para chorar. Caiu ao chão e perdeu os sentidos.

Nesse ínterim, Veronika enlouquecia devido ao seu próprio ciúme e sua fixação por Jorge. Sua loucura chegou a tal extremo, que passou a pressionar o rei e a rainha pelo retorno do jovem príncipe. Enviaram dois nobres em seu encalço, sem, contudo, obterem resultados. Jorge havia sumido no mundo sem deixar qualquer pista de sua passagem. A última vez que foi visto em seus trajes de viagem com o emblema real fora há cerca de um ano, numa pequena vila. Seus pais não se alarmaram. Tinham fé na profecia e em quem a proferiu, por isso não fizeram mais esforços para encontrar seu filho.

Irada, Veronika resolve tomar as rédeas da situação. Seu interesse era que Jorge retornasse são e salvo. Para isso, precisaria de uma razão suficientemente forte. E foi com esse intuito que passara meses planejando o assassinato do rei e da rainha.

A Filha da SolidãoWhere stories live. Discover now