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Luisa

As horas correram rapidamente, meu coração batia acelerado cada vez que se aproximava da hora de ir fazendo com que calafrios corresse pela a minha espinha.
     Não entendi o por que da sensação de ansiedade.
     Encarei o meu reflexo no espelho, pensativa. No mesmo tempo que eu desejava ficar algo me empurrava despertando-me curiosidade.
     Estremeci com a buzina do carro de Augusto arrancando-me do transe.
     Guardei o frasco de perfume em minha mão na penteadeira. Peguei minha bolsa prateada em cima da cama e saí as pressas do quarto.
     Augusto me via descer a escada boquiaberto. Seu olhar passeava no vestido vermelho tomara-que-caia que marcava as curvas do meu corpo e cobria meu salto.
     ---- Pode parar de babar, pai. ---- sorri de sua fascinação
     ---- É... ---- deu algumas piscadelas enquanto recuperava a fala ---- Você está linda!
     Admirou o meu cabelo longo e solto em ondas.
     ---- Está cada dia mais parecida com a sua mãe.
     Dei um sorriso amarelo. Por um lado me senti feliz com a comparação, mas por outro lado incomodada, pois em em seu comentário havia júbilo e tristeza.
     Estendi meu braço direito o entrelaçando no braço esquerdo curvado de Augusto.
     ---- Vamos? Vai ficar tarde. ---- tentei demonstrar animação
     ---- Está animada.
     Outro sorriso amarelo se formou em meu rosto. Animação era algo que passava longe de mim naquele exato momento.
     ---- É... um pouco. ---- menti
     Eu compartilhava do mesmo encanto que Augusto. Ele estava deslumbrante em seu terno preto com o seu cabelo castanho de fios bem alinhados encaixando perfeitamente em sua pele clara e olhos cor de mel.
    
     Augusto parou o carro estacionando em frente da entrada da luxuosa mansão com portas e janelas grandes.
      Já fora do veículo olhei a grandiosa residência da família Mendes medindo-a de cima a baixo.
      Enchi meus pulmões de ar os esvaziando com uma respiração profunda.
      ---- Vamos lá, Luisa. ---- sussurrei comigo mesma
      Agarrada no braço de Augusto ultrapassamos a porta de entrada nos dando de cara com alguns convidados divididos em grupos.
      Ana entrou logo atrás de nós desengonçada. ---- Ela estava tão admirada quanto eu com a deslumbrante festa.
      A sala que acontecera a comemoração era iluminada por luzes de led embutidas no teto com molduras de gesso e decorada com lustres esplendorosos.
      Havia múltiplas mesas com bebidas e comidas sofisticadas contornando o requinte salão. Por mais que não gostasse das amizades de Augusto e suas recepções não nego que estava tudo muito bem organizado e confortante.
      ---- Não vejo a hora de experimentar aquelas comidas. ---- disse Ana em cochichos no meu ouvido
      Ana é minha amiga de infância e com isso posso dizer que sua tarefa favorita é comer, dormir e seduzir homens.
      A terceira parte ficou nítida no seu mini vestido preto com lantejoulas prateadas. Em cada passo que Ana dava era-se cobrado seu aprendizado de aulas práticas de equilíbrio num salto agulha de quinze centímetros.  
      Não demorou muito para que olhares curiosos se direcionassem para nós ---- alguns mais para Ana e suas pernas grossas despidas.
     ---- Ali está Márcio. ---- apontou Augusto com o queixo
     Caminhamos entre as pessoas indo até grupo cômico de integridade fajuta.
     Ao nos perceber chegando Márcio disse algo que fez com que os outros três homens de smoking preto nos olhasse.
      ---- Olha se não é o meu querido Augusto Fonseca e sua admirável filha.
     Márcio abraçou Augusto lhe dando leves tapinhas nas costas. Ao soltá-lo pegou em minha mão beijando-a delicadamente.  
      Forcei um sorriso repulsando por ter de alguma forma aqueles lábios me tocando. 
      Voltando a postura ereta mediu Ana com os olhos.
      ---- E quem é essa bela moça? ---- referiu-se a Ana
      ---- Prazer. Me chamo Ana. ---- aprosentou-se com simpatia
      Márcio sorriu como comprimento. Esquecendo Ana voltou a atenção para mim e Augusto.
     ---- Fico muito feliz por terem vindo. Sintam-se a vontade. Aqui estão em casa.
     Márcio se colocou do lado direito de Augusto o puxando para próximo do pequeno grupo.
      ---- Deixe as meninas a vontade. Venha... vou lhe apresentar a alguns amigos.
      Antes de ser afastado de mim Augusto me mirou com o semblante sério, em seu olhar uma única palavra: cuidado!
      Ana me puxou pela a mão me levando para a mesa de bebidas. Pegamos uma taça de champanhe e ficamos observando a festa.
      A música era lenta e calma, todos pareciam apenas jogar conversa fora.
      ---- Por que festa de rico é tão chata? ---- perguntou Ana desanimada
      ---- Deve ser porque são chatos. ---- degluti o champanhe
      Os minutos foram passando e o tédio só aumentava. Pelo menos Ana se distraía conversando no celular com o seu novo peguete.
      Repentinamente ruídos de microfone soaram de uma caixa de som chamando a atenção de todos.
      Márcio testou o aparelho e logo falou:
      ---- Queridos convidados... Quero agradecer a cada um de vocês por terem vindo fazer parte de mais uma data muito importante. Hoje comemoramos a graça de mais um ano de vida da minha graciosa filha que amo incondicionalmente.
      Aos poucos as declarações de Márcio foram se perdendo em meus ouvidos. Buscando por um refúgio procurei por uma saída.
      No fundo ao Oeste avistei uma porta fechada. Aproveitei-me da distração de todos, puxei Ana pelo o braço levando-a comigo para fora dali.
      ---- Aonde vamos? ---- sussurrou Ana caminhando as pressas
      ---- Para fora daqui.
      Averiguamos se nos viam correr para longe daquele tortura. Parei abruptamente ao sentir-me dar de cara numa muralha.
      Cambaliei com o esbarrão.
      ---- Ah! ---- gemi
      ---- Oh, meu Deus! ---- desesperou-se o rapaz ---- Se machucou?
      Minha cabeça estava zonza, mas consegui ver perfeitamente o lindo homem que conseguira parar de forma brusca a minha fuga.

VIDA BANDIDA: Gelo e Fogo (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora