Capítulo

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Olhos famintos espreitavam na escuridão. Alguns se moviam frequentemente, outros ficavam um bom tempo parados. Olhos amarelos e vermelhos. Sedentos. Ameaçavam devorar quem se atrevesse a chegar perto demais.

Olhos apressados, querem tudo e querem na hora.

Rugidos quebram o (pouco) silêncio da selva de pedra colorida e movimentada.
Parecem dizer "me dê o que eu quero" ou "vai ser do meu jeito".

Os rugidos vêm dos olhos, sedentos. Eles precisam estar sempre em movimento - cada vez mais rápido! - senão se sentem acanhados. E os reis da selva não podem se sentir ameaçados. Nunca!

Os olhos brigam entre si e não têm medo de olhos maiores. Eles não se importam com outros olhos. Tudo o que interessa é que eles sejam os primeiros.

Olhos cansados, olhos tristes, olhos agressivos... Olhos não podem falar, mas se pudessem o que diriam?

Olhos não falam, por isso rugem.

E seu rugido pode ser várias coisas e nada ao mesmo tempo. Alguns olhos são barulhentos e rugem bastante, outros são silenciosos e só observam. Há todo tipo de olhos na selva: recatados, resignados, apaixonados, curiosos e até olhos esperançosos.

Há também os olhos invisíveis. Eles existem, mas ninguém os vê.

Os olhos amarelos também não veem.

Olhos são perigosos: surgem em meio a escuridão e te devoram.

Olhos enganam. Olhos prometem. Olhos mentem. Olhos matam.


Olhos famintosWhere stories live. Discover now