Capítulo único

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Naquele dia Carlos havia planejado sair do trabalho, passar em casa tomar um banho e depois ir à casa de sua noiva. Mas nada do que ele planejou até aquele momento tinha dado certo.

Um monte de imprevistos no seu trabalho e o patrão pegando no seu pé. Resultado disso tudo é que ele foi o último a sair do escritório já passavam das vinte e uma horas de uma noite muito escura, daquelas que dão medo.

Quando ele foi até a garagem do edifício para pegar seu carro, percebeu que um dos pneus estava furado. Já não bastava sair tarde do serviço ainda teria que trocar o pneu furado para poder ir embora.

Muito irritado ele abriu o porta-malas e retirou o forro que o protegia para poder pegar o pneu reserva. Tamanha foi sua surpresa ao ver que o pneu reserva estava completamente vazio. Xingou até a sua última geração por não ter verificado isso antes, depois de se acalmar um pouco decidiu por deixar o carro ali mesmo. Afinal sua casa ficava longe dali, mas a casa da noiva estava a menos de um quilômetro de distância. Passaria a noite lá e na manhã seguinte chamaria socorro para arrumar os pneus do veículo.

O rapaz saiu caminhando tranquilamente pelas ruas da cidade, levou um susto quando um gato preto cruzou correndo pela sua frente. Logo mais à frente a rua estava cheia de veículos nos dois sentidos e sua única opção era passar por debaixo de uma escada que estava encostada na fachada de um comércio, onde um homem trocava uma lâmpada que estava queimada. Carlos não acreditava em superstição e muito menos nessas coisas de azar.

Ele caminhou mais alguns metros dobrando aquela esquina e quando percebeu estava com uma arma apontada para si. Um delinquente queria lhe assaltar, levou seu celular e todo o dinheiro que ele tinha na carteira, não levou as chaves porque não lhe serviriam para nada. Pelo menos ainda tinha as chaves de seu carro — pensou ele já acreditando que não deveria sequer ter saído de casa naquele dia.

Carlos caminhou mais um pouco e parou na esquina até que todos os carros passassem e ele pudesse cruzar a rua. Neste momento um dos veículos passou em uma poça de água e lhe atingiu molhando toda as suas calças. O que mais poderia lhe acontecer, por sorte já estava em frente à casa da namorada e agora poderia tomar um banho e ficar namorando com sua noiva para esquecer o dia horrível que teve.

A luz da sala estava acessa e a porta não estava trancada. Carlos caminhou até a cozinha e não havia ninguém lá. Notou que a luz do quarto estava acessa. Sua noiva deveria estar trocando de roupas para dormir. Afinal já passavam das vinte e duas horas.

O rapaz abriu a porta discretamente para não a assustar, afinal a moça poderia pensar que fosse um bandido. Não deveria esquecer a porta destrancada a aquelas horas da noite. A primeira coisa que ele viu foram suas roupas íntimas jogadas pelo chão e outras que Carlos não sabia de quem eram. Ao olhar para a cama sua noiva estava totalmente nua, seus olhos brilhavam como duas esmeraldas. Aquilo não poderia ser verdade, mas era. Com as pernas abertas ela entregava seu corpo totalmente sem pudor para outro homem. Um estupro? Não, o prazer que ela tinha no rosto era algo que ele jamais viu quando os dois faziam amor.

Pensou em correr até a cozinha e pegar a primeira faca que encontrasse para matar ambos, mas não. Estava imóvel. Aguardou apenas até o momento em que foi notado. Não disse uma palavra. Virou as costas e deixou aquela casa para nunca mais olhar para aquela mulher.

Caminhando pela rua retornou até a garagem onde deixou seu veículo. Dormir dentro dele já seria o suficiente para encerrar aquela noite maldita. Quando chegou ao local notou que seu carro não estava lá. Foi roubado! Alguém teve o trabalho de substituir o pneu para depois leva-lo.

Que azar. Carlos não entendia como aquele dia tinha acabado assim. Quando olhou para a parede e viu um grande calendário nela grudado, quase caiu sentado. Era sexta-feira 13, estava tudo explicado.

Sexta-feira 13Onde histórias criam vida. Descubra agora