Capítulo Único

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Assim que aquela palavra saiu de sua boca, tudo pareceu correr em câmera lenta para Andrômeda.

Bellatrix deu um sorriso orgulhoso que a fez sentir vontade de vomitar, ter nojo de si mesma. Narcisa permaneceu impassível na medida do possível, mas os seus olhos ligeiramente arregalados já diziam que ela não esperava que aquelas palavras saíssem da boca de sua irmã. Alguns olhos ao redor a olhavam com raiva, mas a pior das reações era a de Tonks.

Ele podia fingir o quanto quisesse que não se importava. Sempre foi um péssimo ator. Os seus olhos o entregavam completamente, preenchidos pela incredulidade e a confiança quebrada por acreditar que ela jamais seria capaz de magoá-lo de tal forma.

Tolo. Aquela era a coisa que ela mais sabia fazer. Decepcionar. Magoar. Afastar. Ele já deveria saber que uma amizade que fosse com uma Black estaria fadada ao mais puro e imediato fracasso. O fato de ter durado tanto tempo em segredo só fazia com que o estrago fosse maior.

— Escutou o que ela disse, sangue ruim — Bellatrix pôs o seu braço em volta dos ombros dela — Cai fora.

As coisas já não estavam boas antes da intervenção de sua irmã.

Ted não soltou uma de suas respostas atrevidas, como costumava, apenas virou as costas e passou reto por seu grupo de amigos, que apenas não a encaravam desafiadores e querendo entrar em uma briga porque os lufanos eram muito pacifistas para isso, era o tipo de reação que os grifinórios teriam.

— Finalmente você pôs aquele sangue ruim em seu lugar — Bellatrix quase gargalhava, como se fosse uma piada bem engraçada, uma de suas mãos apoiada em seu ombro.

Ela fazia aquele contato físico sabendo que isso a irritaria profundamente.

— Não o chame dessa forma — Andrômeda desvencilhou-se dela.

— Por que não? Você não o chamou assim agora mesmo? — ela retrucou, cheia de veneno, como se todo o acontecimento tivesse a única vantagem de poder jogar na cara dela o seu erro.

Sendo tão infantil, mesmo em uma situação cotidiana, ela arrumaria uma maneira de pôr aquele deslize em discussão. Na falta de uma maldição imperdoável, ela era ferina o suficiente com as palavras.

— Isso não é da sua conta!

Abaixou-se para pegar a sua mochila, sentindo toda a pressão da situação desabando lentamente sobre ela.

— Bem, é da conta de todo mundo que viu — Bellatrix disse, indicando alguns lufanos que ainda estavam por perto, mas sem olhá-las mais — Você vai ser assunto do colégio inteiro! Isso é ótimo! Quem sabe até nossos pais vão ficar sabendo, ficarão orgulhosos de você.

Andrômeda começou a afastar-se, sem sentir-se capaz de continuar escutando as idiotices de sua irmã.

— Quem sabe agora você consegue um noivo decente — ela aumentou o tom de voz para ser escutada.

Então, pela segunda vez no dia, Andrômeda seguiu os seus instintos.

Deixou a mochila deslizar por seu ombro, voltando a passos largos para perto da irmã, que tinha aquele sorriso debochado.

Até o momento em que seu punho colidiu com o rosto dela.

— Andrômeda! — Narcisa gritou, correndo para acudir a irmã mais velha.

Ela não olhou para trás, enquanto caminhava de volta para o castelo.

Apesar das masmorras não possuírem corredores tão iluminados e cheios quanto os outros de Hogwarts, Andrômeda ainda preferia os corredores ocultos atrás dos quadros. Poderia chamar de passagens secretas, mas nem todos esses corredores davam para um lugar, alguns eram sem saída, muito usados para saliências. No caso dela, gostava de ir para lá ficar sozinha.

MudbloodWhere stories live. Discover now