Com Jake, por exemplo, eu não iria, nunca, contar-lhe algo sobre Jake. Eu queria deixá-lo no passado.

Eu peguei o meu telemóvel da mesa de cabeceira e olhei para as mensagens recentes, que eram todas do Jake. Deveria lê-las, ou apenas apagá-las como normalmente?

Decidindo que as iria ler e depois apagar, eu cliquei na primeira, que era de ontem.

De: Jake

 

Bebé, eu peço desculpa, eu agi como um idiota e peço desculpa

Carrancando, apaguei aquela e segui para a próxima.

De: Jake

 

Eu não sei como esperas sobreviver sem mim. Eu dei-te tudo e tu ainda te queixas-te de mim.

Abanando a minha cabeça, apaguei também aquela.

De: Jake

 

Tu és tão burra. Se eu fosse a ti eu voltava para casa antes que fosse arranjar algum problema

Eu não hesitei em apagar aquela, querendo tirar aquelas palavras ameaçadoras da minha vista. A última, porém, não era uma mensagem, era uma chamada. Eu não sabia se queria responder ou apagá-la, quereria mesmo ouvir a sua voz?

Hesitando, eu cliquei no botão da mensagem de voz e levei o telemóvel ao meu ouvido e esperei para ouvir a sua voz.

Sou eu, o Jake,” ele disse. “Eu só te queria dizer que tu não te vais safar a tentares fugir de mim. Tu és sempre tão cabeça no ar. Tu nunca soubeste muito sobre tecnologia, pois não? Bem, deixa-me explicar-te. Sabes, a minha amiga Kate mostrou-me como seguir uma pessoa pelo seu telemóvel. Parece que nos vamos ver muito em breve, huh?

Com terror nos meus olhos, a linha ficou morta. Durante cerca de trinta segundos, eu fiquei a olhar para o meu telemóvel com horror, antes de calçar os meus chinelos de enfiar no dedo e saindo pela porta da frente. Eu não tinha ideia do que iria fazer, meu eu tinha que me ver livre deste telemóvel antes que ele me detetasse.

Eu tinha medo que desta vez ele me matasse. De facto, não haviam dúvidas na minha mente, de que ele me mataria depois disto. Ele acabaria comigo, mesmo em frente à minha filha, e depois matá-la-ia também. Eu não a queria colocar em perigo.

Correndo pelas escadas e indo para a estrada, eu pensei em espaços onde eu pudesse descartar isto. Mas mesmo que eu fizesse isso, ele saberia que eu iria estar próximo dele, e que, obviamente, eu estaria num motel.

Rapidamente, atirei o meu telemóvel contra o chão e ele partiu-se imediatamente.

“Bugiganga barata.” Eu murmurei, pegando-o e atirando-o contra o cascalho, só para ter a certeza de que estava mesmo partido. Calquei-o umas quantas vezes, olhando-o mais de próximo à luz amarela da estrada. Depois, corri pela estrada onde estava um pequeno contentor (eu só o vi enquanto estava a conduzir para aqui) e deixei lá os pedaços do meu telemóvel.

Mesmo sabendo que eu estava escondida e que não havia maneira de ele me detetar, eu estava terrificada. Eu normalmente tenho medo do escuro, mas só então percebi que estava na rua, sozinha, a meio da noite.

Motel 6 [Niall Horan] (Tradução em Português)Where stories live. Discover now