CAPÍTULO UM

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Ando pela rua, sem destino algum. Simplesmente olhando ao redor, vendo as folhas alaranjadas das árvores, as ruas vazias, mesmo sendo 16:00 da tarde, horário que geralmente as pessoas voltam para as casas.

Mas é feriado, na verdade a semana inteira é feriado. Todos foram visitar suas famílias e entes queridos.

Sigo andando e encontro uma livraria, olho a vitrine da loja de livros, e vejo um livro em específico, o nome me chama a atenção; " O abandono da pequena Rosa". Era um livro que minha mãe lia para mim e meu irmão, antes de dormir.

Isso me faz pensar a quanto tempo que não recebo notícias deles, a quanto tempo que eles se foram, onde será que eles estão? Sinto falta deles.

A muitos anos eles saíram, foram de carro na rodoviária, buscar alguns familiares que viriam ficar em casa para a semana do feriado que haveria.

E eles nunca mais voltaram, minha mãe, meu pai e irmão. Nunca mais os vi.

Tinha nove anos naquela época, quando percebi que eles estavam demorando demais, me desesperei, corri para a casa da vizinha, que por sorte não tinha viajado naquela semana, ela atendeu a porta, e pedi, quase sem ar de tanto correr, para que ela liga-se para a polícia, dizendo que meus pais haviam sumido.

A vizinha era uma amiga da família a muito tempo, sempre estava em casa, então considerava ela da família.

Ela atendeu o meu pedido, e ligou para a polícia, eles apareceram, e me pediram para que conta-se o que tinha acontecido, expliquei que minha família tinha saído e não tinha mais voltado, eles perguntaram à quando eles saíram, respondi por volta da hora do almoço.

Eu tinha nove anos, mas entendia as conversas dos adultos, eles disseram que eu poderia ter sido abandonada. Por incrível que pareça eu não chorei, só pensei em possíveis motivos para que os meus familiares, podessem ter me abandonado. Naquela hora eu pensei em muitas coisas que eu tinha feito.

"Talvez por que eu quebrei o prato do almoço daquela vez, ou porque semana passada, comi os biscoitos antes do jantar, talvez por não ter arrumado a minha cama hoje de manhã, será que foi por isso, que eles me abodonaram?" Pensei.

Os policiais investigaram mais um pouco, acabaram por encontrar o carro dos meus pais abandonado, atrás do rodoviária. E os deram como desaparecidos.

Eu fiquei na casa da vizinha, ela me abrigou, e me deu um lar, ela era divorciada, os filhos ja eram crescidos, saíram de casa, e já não a visitavam mais. Ela sempre me disse, que eu era melhor coisa que tinha acontecido com ela desde muito tempo, ela me tratou como se realmente eu fosse a filha dela, realmente a amei como uma segunda mãe. Mas a falta de primeira nunca seria esquecida.

Eu consegui me virar com o tempo, segui na escola, tirei notas boas, fui para faculdade, tive amigos de verdade, consegui o trabalho dos meus sonhos, eu tive uma vida quase perfeita.

Tive tudo que muitos poderiam querer, amigos, amores, boas notas, um trabalho incrível, mas nunca saía da minha mente a pergunta; "porque que eu fui abandonada?".

"Senhora?" - pisco saindo dos meus pensamentos, e percebi que já encarava a livraria, a um bom tempo. Olho para o meu lado e vejo a pessoa que me tirou do transe, um garoto não mais que vinte anos, tinha cabelos pretos, a pele esbranquiçada e olhos cor de mel, usava o uniforme de trabalho da livraria, uma camisa xadrez, um avental e uma calça jeans.

"Me desculpe" digo " Estava perdida em pensamentos, você falou algo?" Pergunto, um tanto envergonhada.

"Perguntei se a senhora, não gostaria de entrar e ver os livros." Ele responde segurando uma risada, nada desfarçada.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2019 ⏰

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O Abandono da pequena rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora