Não funciona

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Yasmin

Na segunda:

_ Como foi?

_ Foi... _ o Natan abriu um sorriso enorme olhando o nada e me encarou depois _ Não vou te contar _ informou e fez uma careta sorrindo.

_ Foi tão bom assim?

_ Melhor. 

A animação do Natan era ainda maior. Contagiava todo mundo. Parecia mais feliz, e ficou mais divertido do que antes. Nada daquele ar pensativo e sério, que o tomava sempre que estava concentrado em alguma tarefa. Tinha uma aura iluminada bem visível. 

A arrecadação da quermesse bateu todos os recordes. A diretora do orfanato estava muito feliz planejando todas as melhorias para fazer no orfanato. 

Era quarta-feira, quando o notei meio triste.

_ O que você tem? _ disparei assim que o vi.

_ Saudades _ fez uma cara de tristeza.

_ Por quê você não vai ver a Nora?

_ Não marquei nada. Ficamos de nós ver na sexta. 

_ É para isso que existe celular, sabia?

_ Não quero atrapalhar. 

_ Vai ficar triste o dia todo, então? Vai entristecer as crianças. 

_ Pode contar histórias hoje? Eu cuido da sonoplastia. Pode inventar a vontade. As crianças adoram. 

_ Não sei.

_ Por favor?

Cedi ao seu olhar. Me sentia culpada, sei lá pelo que. Mas deu tudo certo. 

Saímos juntos do orfanato ao fim da tarde. Estava brava porque o Natan não ligou para Nora. Em vez disso, ficava daquele jeito triste. Era muito chato vê ele assim. 

Andamos de cabeça baixa até o portão. Só então notei minha mãe encostada no seu carro do outro lado da calçada. Mostrei para o Natan que sorriu. Chegou até ela primeiro que eu, deu um beijo e ficou abraçado.

_ Adivinhou que ele estava morrendo de saudades? _ entreguei o Natan como vingança.

Entrei no carona do carro batendo a porta e liguei o som. 

Natan 

Senti que o dia começou quando vi a Nora em pé ao lado do carro. Três dias foram o suficiente para fazer a sua falta doer fundo em mim. Beijei os seus lábios e abracei o seu corpo bem próximo ao meu, sentindo o seu perfume. 

Suas mãos apertavam as minhas costas também _ É tão bom te ver _ suspirei e sorri _ Como advinhou?

_ Quarta é o dia em que vou aos correios postar as minhas vendas. Passar por aqui para pegar a Yasmin e talvez conseguir te ver, foi só porquê saí mais cedo dos correios hoje. Mas se você me ligasse, eu viria de propósito. Você não disse que só nos veríamos na sexta?

Encarei os seus olhos _ Não sentiu nenhuma saudade de mim? _ decepção no meu tom.

Tocou meu maxilar _ Tá brincando! Tava morrendo de saudades de você, lindo.

Fui para a sua casa.

O jantar, foi lasanha a bolonhesa. Do tipo que é recheada de almôndegas fritas e depois cobertas com molho de tomate ao sugo. Deve ter dado trabalho preparar. Nora pôs no forno por uns trinta minutos, depois que chegamos. Tempo este, em que ficamos namorando na sala.

_ Como você sabe cozinhar tão bem? _ fiquei curioso, enquanto comia.

_ O pai da Yasmim era cozinheiro. Eu o ajudava na cozinha e aprendi.

_ Você devia gostar muito dele.

_ Eu o amava.

_ E por que se separaram? 

_ Porquê ele morreu _ suspirou me encarando por um segundo.

_ Me desculpa, eu não sabia. Sinto muito.

Nora sorriu de como eu fiquei sem jeito _ Isso faz um bom tempo. Ele era bem velho quando nos casamos. Mas era charmoso e um cavalheiro sempre.

Imaginei esse cara, como alguém muito importante na vida da Nora.

A Yasmin havia aproveitado o tempo antes do jantar para tomar banho e estava pronta para sair. Foi só ouvir o carro do Christopher se aproximar, para ela se despedir e sair. Ficamos sozinho.

_ Sobremesa _ Nora retirou uma bandeja com tacinhas da geladeira e pôs sobre a mesa _ É mousse de chocolate.

Sorri _ Adoro mousse.

Fizemos amor depois de lavar a louça. Cheguei em minha casa já na hora de ir dormir.

_ Aonde você estava, Natan? _ a voz da minha mãe me fez parar no meio das escadas.

_ Namorando, mãe. Fiquei com saudades e fui ficar um pouco com a Nora depois do orfanato.

_ Você quebrou o nosso acordo.

_ Peço desculpas. Mas só posso prometer que não vou dormir fora durante a semana e que manterei os meus compromissos. 

Diante do silêncio da Lia, continuei o meu percurso.



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