Capítulo 01 - Mudanças Perigosas ✔️

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Ela se referia a sua irmã, a bruxa velha da Meredite. Eu já tinha a visto algumas vezes, mas o suficiente para não gostar de sua pessoa. Meu santo não batia com o dela. Simples assim!

— Tia Meredite?! — Não fiz questão alguma de esconder meu descontentamento. — Ela mora na Inglaterra, mãe! — concluí.

Não que eu não gostasse de viagens, ou que a Europa não me agradasse, mas o próximo feriado eu queria aproveitar com meus amigos e o meu namorado. E não visitando pessoas que não me agradavam.

— Seria uma viagem divertida, querida — comentou meu pai com sua voz macia e paciente. — Poderíamos até levar quem sabe... — Fez uma pausa misteriosa. —  O Brian.

Suas palavras me arrancaram um sorriso contente no qual não fui capaz de conter. Seria uma viagem romântica.

— Nesse caso, eu poderia repensar! — admiti pensativa. — Viajar para a Inglaterra?! Me parece... — me calei. — Divertidíssima! 

— Em falar em viagens, o que achou de nosso passeio? — perguntou ele curiosamente.

— Confesso que o Caribe é divino, mas não resolveu o meu problema! — assegurei, sem muito entusiasmo.

— E qual seria ele? — meu pai olhou-me brevemente.

Levei meu braço a frente expondo minha pele pálida e avermelhada devido ao sol.

— Não se preocupe, quem sabe ela não volte a cor de antigamente — minha mãe disse amigável.

Ela não se referia ao tom avermelhado, e sim ao tom de pele que com pouca frequência se alterava. Misteriosamente, mudava.

— Duvido muito que essa cor de lagartixa desapareça —  zombou meu pai acompanhando com uma risada baixa.

Dei uma palmada em seu braço mostrando-lhe uma careta feia.

— Calado, pai!

Minha mãe encarou minha pele e não se conteve em dar boas risadas. Risadas estas, que nas quais demos muitas sobre a areia fina e clara do Caribe. Uma viagem única! Decidida e organizada por meu pai, que estava constantemente ausente, preso no trabalho. Minha mãe logo concordou, precisava também de uma folga. Então aproveitamos as férias de inverno para ir. Eu estava sem aula, e só voltaria no próximo mês. Então nós apenas arrumamos as malas e fomos.

As memórias do passeio ainda pairavam pela minha mente. Foi uma das mais surpreendentes viagens que fiz. Nos aproximou de uma forma única. Eu tinha os meus pais de volta. Ali e agora. Inteiramente meus.

E assim continuamos nosso caminho de volta para casa. À gargalhadas e risadas nos recordando dos melhores momentos. Foi incrível até eu adormecer ao som de suas vozes. O cansaço me consumiu. 

Aquela sensação ruim ainda pairava sob meu peito, ainda pesava sobre a minha cabeça, ainda condenava meus sonhos. E ela nunca desapareceu depois daquele dia. 

Ouvi um grito distante e abri o olhos instantaneamente, ainda me encontrava dentro do carro, mas diferente de antes, ele estava parado.

— Onde eu estou? — perguntei a minha mesma ainda sonolenta. Não precisei de respostas quando tudo me pareceu familiar, as casas, as ruas e até as pessoas. Eu estava em casa.

"Mas como havíamos chegado tão rápido?! Eu havia dormido demais, outra vez".

Dona Clóe passeava pela calçada com o Pitty, seu gato preto com manchas loiras de estimação — sim, ela ainda passeava com o gato como se ele fosse um cachorro — encoleirado. Havia coisas que não mudavam nunca. Sorri ao ver aquela cena novamente, Dona Clóe estava doente e não saía mais na rua fazia dias.

Lua Imortal - Dezessete Encarnações 《1° Livro》Where stories live. Discover now