O Livro Das Almas - A Origem do Desconhecido

Capítulo 1 - ORIGINEM

Cercada por baixas montanhas e composta por suas ruas delgadas, que mais pareciam estreitas vielas, na província de Roma, Itália, ficava o pequeno vilarejo de Formello, onde nasci.

Naquela época, a cidade era parcialmente composta pela nata da sociedade, habitantes que tinham grande poder financeiro. O comércio era praticamente interno e composto pelos investimentos dos habitantes. Boa parte deles eram proprietários de grandes mansões, verdadeiros palácios meio a uma população humilde e lentamente evolutiva, no quesito financeiro. O principal motivo de escolha deste específico local para moradia, era a calmaria da vizinhança e a fraca concorrência comercial.

Donos de uma das maiores propriedades de Formello, minha família, a família Carbone era a mais antiga formação familiar local. Passada por quase dois séculos, a mansão Venittia fora finalmente entregue á minha mãe, Cassandra Carbone, uma mulher gananciosa e levemente arrogante. Ela costumava me dizer que a casa era cercada por um belo jardim de entrada, duas fontes laterais, cada uma de um lado; com um leão de cerâmica que certamente jorrava água vinte e quatro horas por dia: estavam desligados e abandonados, cobertos por poeira e quase submersos em terra. Dois pilares, também laterais, seguravam o telhado da entrada da mansão. Sua fachada tinha mais de sete metros de altura, pintada de branco, mais parecia cor de creme, dado ao abandono, cheia de rachaduras que partiam do chão ao telhado.

O gramado era muito alto, quase que impedia qualquer um que tentasse cruzar o caminho entre o portão de ferro na entrada até a gigante porta que finalmente determinava a entrada ao casarão. Havia quatro janelas no primeiro andar da fachada e mais quatro no segundo.

A casa era composta por três salas, uma gigantesca cozinha, oito banheiros e nove quartos. Sem contar o salão que abrigava uma antiga biblioteca que existia no último andar; apenas a lareira permanecera lá. A casa estava abandonada há anos, após a partida dos pais de Cassandra para Roma.

Com a estabilidade da família em Roma, a mansão ficara abandonada e vazia. Ninguém conseguira comprar nem alugar o local devido ao alto valor no mercado imobiliário. Nem interessava aos proprietários vender a mansão, pois estavam financeiramente saudáveis.

Após o casamento de Cassandra com Giussepe Masso, o pai de Cassandra decidira que a filha deveria dar a luz ao seu bebê em um lugar mais calmo e tranquilo, o que naquele momento não era a agitada Roma.

Cassandra, grávida de oito meses, assumira a responsabilidade de mudar-se para a residência herdada pela família e re-habitar a casa. Foram necessários alguns meses até deixar tudo em ordem para receber o bebê no dia de seu futuro nascimento.

A mudança fora tranquila e a adaptação ao novo ambiente perfeitamente adequada. A casa era tão grande que parecia um desperdício apenas duas pessoas morarem ali, mesmo uma delas grávida. A casa fora parcialmente mobiliada e o foco era deixar o quarto da criança, que viria em breve, em perfeito estado e acomodação, com móveis novos, o que contrastava com o resto da casa, que ainda mantinha a mobília histórica, herdada junto com o imóvel.

Duas semanas após a nova vida em Formello, em um dia calmo e esperançoso; A pequena Beatriz chegara para fazer parte da família Carbone.

A pequena garota já era amada antes mesmo de chegar ao mundo, e quando nasceu, parecia a criança mais desejada por toda a família. A recém chegada iluminara aquela casa que ainda parecia estar parcialmente abandonada.

Durante toda sua infância sempre fora mimada. Tirava as melhores notas no colégio e logo ganhara tudo o que desejava de seus ricos pais.

Criança obediente e precocemente madura conquistara a confiança dos pais e usufruíra da liberdade antes mesmo de atingir seus dez anos de idade.