A mão do Nathan desenhava círculos na minha coluna à altura do quadril com os dedos me causava um calorzinho gostoso no ventre. Mas essa não parecia ser a sua intenção. Os olhos castanhos estavam presos no que acontecia no palco.

Era uma peça melhorada de Romeu e Julieta. Envolvente, apaixonante... trágico. Se o amor fosse uma peça teatral, seria Romeu e Julieta. 

Depois dos aplausos ganhei um beijo apaixonado, que acho que foi provocado por algo no enredo da história. Caminhamos para o estacionamento, aonde a moto do Nathan estava. Olhei o celular, vendo que não era tarde. Era um pouco mais que oito horas. 

_ Temos tempo suficiente para namorar um pouco no meu quarto. Se você concordar _ colocou o capacete em mim.

Assenti. 

Chegamos na sua casa sem a decoração e a iluminação de festa e ainda assim era um monumento. 

Não encontramos ninguém no caminho para o seu quarto, o que foi muito bom. Fechou a porta atrás de mim, trancando. Eu o abracei sendo envolvida em se abraço acalorado. Beijos foram distribuídos em meu pescoço de uma forma envolvente que já me tirava do controle. 

Enfiei as mãos por dentro da sua camisa arranhando de leve as suas costas. Suas mãos subiram até os meus seios acariciava sobre a roupa com os polegares. Um beijo intenso e tirou a sua camisa. Logo estávamos deitados nus em sua cama, depois de fazer amor como se mais nada existisse além de nós dois e o prazer. 

_ Responde uma coisa? _ falou olhando o vazio entre ele e o teto do quarto. 

_ Hum.

_ É sempre assim? _ falou e olhei confusa _ Entre os outros casais. É sempre tão quente e... mútuo... como fogo e pólvora? 

Gargalhei pela colocação da frase de Shakespeare _ Erh... Não _ neguei brevemente com a cabeça _ Essa química que nós temos é rara. Não rolava igual com meu ex. Não há muitos casais felizes no mundo. 

_ Eu acho que estou perdendo a cabeça _ confessou _ Já era assim quando eu te amava antes. Eu ficava mais aéreo envolvido em sonhos e em probabilidades de ser correspondido por você _ começou a acariciar o meu rosto na bochecha _ Mas desde que fizemos amor pela primeira vez,  me sinto como que querendo que o mundo pare, para que eu possa ficar o tempo todo assim, com você. 

_ Eu também sinto isso _ confessei. 

_ Acha que o nosso amor vai ter um fim triste, como os dos apaixonados das histórias de Shakespeare? 

_ Não teremos um fim. 

_ Como assim? 

_ Na vida não existe fins como nas histórias. 

_ Tem razão. Mas os romances sim. Isso me dá medo. Não quero viver nem um segundo sem você na minha vida.

_ Não precisa. Eu te amo _ beijei-o _ E além de todo esse amor, ainda seremos sempre amigos _ reforcei a promessa. 

_ Amigos não se amam assim _ deixou o olhar cair breve e voltou ao meu olhar.

Vesti a sua camisa e levantei da cama para explorar o seu quarto, diante do seu olhar atento.

Fui até uma grande estante cheia de livros e escolhi o livro mais bonito e grosso. Sorri imaginando que o Nathan nunca o havia folheado, quanto mais, lido. Mas ao abrir, meu queixo caiu. O livro estava sublinhado e cheio de anotações.

 Devolvi e peguei outro mais simples. Estava do mesmo jeito. Devolvi. 

_ Você leu todos estes livros? _ duvidei.

_ Sim. Estes foram os que eu gostei _ desceu um braço na lateral da cama e puxou um compartimento lateral, revelando mais um lugar cheio de livros _ Estes são os que eu estou lendo no momento.

_ Assustador e invejável _ declarei.

_ Ser um leitor compulsivo virou motivo de inveja! _ apontou. 

_ Claro que sim. Isso te torna culto, inteligente, articulado, sábio. 

Ficou em silêncio e me aproximei para ver os títulos sob a cama. Eram eróticos, na maioria. Peguei um e sentei ao seu lado folheando sob o seu olhar. 

_ Está preocupado com o seu desempenho na cama? _ provoquei. 

_ Apenas curioso, como sempre. Mesmo antes de saber, ou de sentir. Afinal, informação nunca é demais _ falou em um tom baixo e um pouco mais lento _ Mas você acha que eu devo melhorar algo no meu "desempenho" _ sorriu meio safado. 

_ Nada. Você é perfeito. Me assombra que você seja tão perfeito _ fechei o livro. 

Pegou o livro da minha mão devolvendo e fechou o compartimento da cama, sem esforço,  e segurou o meu queixo _ Me deixa saber se você estiver gostando _ repetiu o que eu disse antes, e sorriu. Me beijou. 

FriendzoneWhere stories live. Discover now