Premunição

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Certa vez alguém me disse que uma página em branco nunca é uma página em branco, e sim uma página com uma infinidade de coisas em potencial que podem ser ditas. E um dia desses uma folha em branco rogou-me tanto por uma história, que eu resolvei escrever sobre uma garota que conheci muito bem, e que um dia ficou sonhou que ficou presa dentro de um banheiro de uma festa enquanto todo mundo se divertia:

"Na noite de um baile ela despertou devagar dentro do banheiro. Em um sobressalto se percebeu trancafiada. Ela estava atordoada, confusa, perdida e tudo que o valha para o quadro. Buscou desesperadamente um motivo para ter despertado ali à meia luz no chão úmido. Dentro de sua confusão não foi capaz de dizer se ficara trancada por acidente, descuido ou proteção. Abriu a porta e, a despeito do pavor que dela se apoderava dos pés a cabeça, deixou o cubículo. Seus sapatos não lhe apertavam, mas se alguém olhasse bem para eles veria rastros da sujeira do banheiro impregnada na lateral perto de onde ele deixa de ser sola e passa a ser de camurça rosado. Melissa ao se deparar com um espelho em uma das colunas, percebeu manchas em seu vestido, ainda assim um vestido deslumbrante. Franziu o cenho... Caminhava lentamente enquanto buscava reconhecer o lugar: serpentinhas penduradas e jogadas pelo chão; papéis brilhantes dispersos entre copos amassados, alguns com marcas de batom, outros com bebida ainda dentro. Foi então que percebeu sua sede. Interrompeu sua caminhada e se debruçou sobre o balcão do bar à sua direita. Do lado de dentro apenas uma garrafa com apenas uma lâmina d'agua no fundo. Melissa debruçou-se ainda mais um pouco sobre o balcão e entornou o pouco d'agua que encontrara. Percebeu que quando desceu do balcão certa viscosidade impregnara em seu vestido. Tentou desfazer-se do impregnado, mas tudo que fez foi tê-lo um bocado nas mãos. Em um "insight" lançou sua mão dentro da bolsa, pensou que algo ali pudesse fazê-la entender aquele quadro. Lá dentro: um espelho pequeno, um celular aparentemente descarregado... Batom, uma pulseira dourada com adereços quadrados com letras formando a palavra "fé". Não tinha dúvidas, a pulseira era sua, ela a reconhecia, sabia inclusive que havia sido um presente de sua mãe pelo seu aniversário de quinze anos. Todavia, nada daquilo elucidou os motivos do quadro que vivenciava. Seguiu em direção ao luminoso vermelho indicando a saída.

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⏰ Last updated: Sep 30, 2019 ⏰

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Em dias cinzas de quase chuvaWhere stories live. Discover now