Capítulo 27: Fazer sentir

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Homens e mulheres são criaturas de hábitos, mesmo que uma determinada mudança na rotina seja inicialmente ameaçadora, ela logo poderá ser superada e, até mesmo, agregada, isso com o devido tempo. Aliás, tempo é o instrumento chave para que rotinas mudem, circunstâncias se transformem e hábitos sejam adaptados.

Fleur Delacour sabia disso mais do que ninguém. Afinal, o mesmo tempo que pareceu infinito durante os anos aclimatando-se à fria e chuvosa Inglaterra e à balbúrdia nunca acolhedora dos Weasley também foi necessário enquanto ela reunia a coragem necessária para se divorciar - e dar a liberdade que Bill precisava e merecia - e quando resolveu voltar a França e aos pais.

Talvez, uma das poucas exceções à máxima de que o tempo resolve tudo, fosse o seu relacionamento com Hermione... Elas não precisaram de muito para se apaixonar e nem de tempo para se resolverem, ainda que tivessem precisado de algum tempo para se compreender.

Mas, ainda assim, elas não eram uma particularidade tão grande assim diante dessa "regra". Porque, depois de dias dormindo e acordando juntas, Fleur estava muito sensível à ausência da morena entre os seus braços e ao seu lado na cama.

Os lençóis estavam frios e vazios. Na verdade, naqueles curtos segundos que precedem o despertar e o abrir dos olhos, Fleur teve a impressão de que todo o chalé estava mais frio do que ela se lembrava. Talvez, ainda não estivesse acostumada ao clima da Inglaterra ou, provavelmente, ela apenas tivesse despertado pela falta de calor ao seu lado na cama.

Os olhos azuis estavam frios, assim como a pele, e piscaram sonolentos antes de certo despertar começar a iluminá-los. Fleur espreguiçou os braços até a palma das mãos tocarem os lençóis ao seu redor, o seu lado da cama morno pelo seu corpo e o outro, frio pela ausência. A ponta dos dedos franceses encontrou uma superfície desconhecida, áspera que a fez abrir os olhos.

Em suas mãos, um papel dobrado cujo verso tinha letras impressas. Frases que Fleur reconheceu serem do processo que Molly Weasley tinha movido contra ela. Porém, ela sabia que o que interessava era o que estava na parte branca e dobrada do papel. Fleur, então, o abriu e mesmo sem ter lido, sorriu quando reconheceu a caligrafia caprichada de Hermione. No papel, eram poucas linhas, mas, a francesa deliciou-se com elas:

Bom dia, senhorita!

Eu acordei atrasada, exatamente como esperava depois da nossa noite...

Espero que não fique chateada por ter que abrir esses olhos e não me ver do seu lado. Mas, o trabalho chama!

Nos vemos no almoço, no restaurante.

Eu amo você.

HG

Imediatamente, a francesa abraçou o próprio corpo e sorriu para si antes de

fechar os olhos e suspirar. Agora, estava preenchida pelas palavras da morena que, mesmo tão dela, eram cheias de muita coisa.

De amor, essencialmente.

Aparentemente, era muito fácil dizer que amava alguém depois da primeira vez.

- Bonjour, mon amour...! - Fleur respondeu preguiçosa, no silêncio do quarto. O seu olfato estava preenchido pelo leve perfume amadeirado de Hermione que permanecia entre os lençóis mesmo na ausência de sua dona, a francesa prendeu-se nele e abraçou o travesseiro ao lado de seu, respirando profundamente junto ao tecido.

Ela sabia que aquele perfume amadeirado misturava-se ao seu de lavanda na superfície de sua pele pálida, porém, não era o mesmo cheiro que ela aspirava junto ao travesseiro nem o mesmo que ela sentia quando respirava de encontro aos cabelos castanhos de Hermione.

La Petite Mort [FLEURMIONE]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt