– Estou muito feliz com nossa parceria. – Cláudia fala animada. – E devemos comemorar, quero oferecer um jantar pessoal e não aceito não como resposta. – Ela anuncia para todos na mesa.

– Será ótimo Cláudia, agora é só marcar. – Percebo que o almoço me trouxe um maior animo. Mas minha animação logo acaba.

Fernando entra no restaurante acompanhado de uma loira alta. Com enorme sorriso no rosto vejo a intimidade que ela parece ter com o homem que ainda é meu marido, pelo menos no papel. Assisto a cena me desconectando do que é falado pela Claudia e sua equipe, onde estamos fica por trás de uma estante de madeira com mais ou menos 1,70 de altura com vários vasos de flores e a uns dez metros da entrada, acredito que isso o impeça dele me ver. Ele guia a loira com a mão em suas costas para uma mesa mais reservada do restaurante no caminho oposto à nossa mesa.

Cláudia e sua equipe conversam super animados, mas estou longe, não consigo parar de olhar para Fernando e a sua acompanhante. Onde estou consigo vê-lo de costas para mim. Ele fala algo que a mulher balança a cabeça em negação e pega na mão de Fernando. Como estão em lados opostos na mesa, acompanho ela se levanta e coloca sua cadeira ao lado da dele ficando ambos de costas para mim. A mão da oxigenada vai parar na nuca de Fernando o acariciando, ele logo tira a mão dela dali. Meu coração acelera, o que que está acontecendo? Ela se aproxima mais dele fazendo com que os rostos deles fiquem tão próximos, paro de respirar esperando a próxima cena e se eu achava que ele não podia me ferir, estava enganada. Eles se beijam.

– Laura? Querida? – Cláudia me chama. – Está tudo bem? – Escuto sua voz preocupada.

– Desculpa é que estou com dor de cabeça Cláudia. Você se importar se eu for agora? No momento não sou tão boa companhia. – Falo dando um sorriso amarelo.

– Claro querida pode ir, eu posso te ajudar com algo? – Ela nota que tem algo me incomodando.

– Não, obrigada. É ótimo fazer essa parceria com vocês. – Me despeço da Cláudia e de sua equipe.

Com uma confusão de sentimentos, sigo em direção a mesa onde o Fernando está com sua amante, por mais que várias coisas passem em minha mente naquele momento, tudo que queria gritar é o quanto ele foi um covarde, um traidor e sem escrúpulos. O pior de tudo, queria gritar para todos do restaurante pudesse ouvir o quanto fui tola, burra e ingênua por acreditar durante todo esse tempo nesse homem.

Em passos decididos caminho em direção à mesa do maldito, a raiva me guia. A loira oxigenada é a primeira a me ver e fica pálida como se estivesse vendo um fantasma, Fernando nota a expressão de surpresa da amante e logo se vira me encarando. Se amante está pálida, ele está quase transparente.

– Boa tarde, Fernando. Que coincidência te encontrar aqui depois do seu escândalo na D'Ávila, já estava indo embora, mas tive que cumprimentar você e te dar parabéns por ser o maior cafajeste do Rio de Janeiro. – Sorrio. – Sua amiga é? – Falo sem esperar a resposta apontado para oxigenada sem tirar os olhos do desgraçado do Fernando e pedindo aos céus paciência e calma.

– Meu nome é Júlia, sou am... – Júlia começa, mas logo é interrompida por Fernando.

Se ele não tivesse a interrompido, ela iria dizer que é amiga ou amante dele? Ela ia esfregar na minha cara que tem um caso com ele?

– Cala boca Júlia! – Fernando fala em sussurro que mais parece um grito sem tirar os olhos dos meus, mas só Júlia e eu escutamos. – Eu posso explicar Laura, eu... Eu juro posso te explicar. O que você viu aqui, só me escuta, por favor.

– Ela não é idiota Fernando, ela sabe o que somos. – Júlia fala com sorriso maldoso no rosto, como se disse, "eu venci, bobinha".

– Sua amante é bem inteligente Fernando. Você deveria aprender algumas coisas com ela. – Sorrio com ironia olhando para ele. Direciono minha atenção para ela. – Júlia, certo? – Pergunto seu nome, ela confirma com o gesto de cabeça. – A quanto tempo você está com o Fernando, querida? – Falo com o pouco de calma que me resta. A cachorra sorrir mostrando aqueles dentes perfeitos de piranha.

– Não responda! Vamos conversar só você e eu, Laura. – Fernando diz autoritário para nós duas.

Eu o olho com tanto ódio e todo meu auto controle esvazia. Volto minha atenção novamente para a puta que está dormindo com esse porco imundo e repito minha pergunta com tanto ódio na voz que nem me reconheço.

– Quanto tempo você está dormindo com esse filho da puta? – Falo alto chamando atenção das mesas próximas.

A vadia gargalha e o olha como se fosse devorar Fernando na minha frente, na frente de todo mundo.

– A mais de um ano, querida. – A vadia fala com ironia.

Ele sabe como me ferir, sinto–me perdida. Mas sou orgulhosa o suficiente para não demostrar que estou a ponto de desabar. Ele levanta da mesa e vem em minha direção, mas hoje já chega de você Fernando e toda essa merda que é esse casamento.

– Laura vamos embora. – Ele fala baixinho. – Eu vou te explicar tudo.

Ele se aproxima mais e tenta me tocar, porém o afasto como se ele estivesse contaminado com uma doença fatal. O odeio agora.

– Você fez sua escolha a mais de um ano Fernando. – Digo, sem conseguir olhar em seus olhos.

Estou implorando para não chorar. Olho bem para o seu rosto e não consigo ver o homem simples, companheiro e amigo por quem me apaixonei. Será que esse homem existiu ou criei tudo?

– Éuma pena ter feito a minha escolha apenas agora. – Saio do restaurante odeixando para trás.

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