- Você está bem? - Ela pergunta com cuidado.

Eu não respondo, apenas seguro sua mão e Sorrio sem emoção. Eu só queria tirar ela daqui. Eu só precisava tirar ela desse lugar horrível que eu mesmo deixei se formar. Cada pessoa que a fez mal aqui... eu as deixei ficar... eu poderia ter pesquisado mais sobre os funcionários, mas minha ignorância foi mais forte. Pela primeira vez na vida eu quis ser o que meu pai sonhou pra mim e conseguir administrar alguma coisa.

Ariella sorriu de volta, mas seu sorriso foi sincero. Ela estava aliviada e isso era nítido em sua expressão. Ela me puxou para sair do quarto e assim fizemos até o estacionamento. Eu joguei sua mala no banco de trás e finalmente estávamos na rua.

Finalmente.

Ariella não conseguia segurar o sorriso. Nem se ela quisesse poderia esconder esse sentimento novo.

- Posso abrir a janela? - Ela pergunta e eu faço algo diferente. Sorrio ao observar sua expressão surpresa quando parte do teto do carro começa a se abrir sozinho. Eu nunca encontrei finalidade para um teto solar, pelo menos não até agora.

- Será que é perigoso? - Ela questiona já sabendo o que quer.

- Você não confia na minha direção?

Ela sorri mais ainda e tira sua sapatilha com rapidez antes de subir no banco. Escuto uma gargalhada maravilhosa e eu acabo me contagiando também.

Não haviam muitos carros a essa hora da noite na avenida, mas Ella não pareceu se importar com carros. Ela gargalhava e dizia coisas sobre o cabelo estar na boca. Eu sorria como um idiota, não sabia como funcionava esse lance de paixão, mas no momento estou me sentindo o cara mais feliz do mundo. Talvez me sentindo uma pessoa melhor por estar feliz por poder levar um sorriso a ela, mesmo que o motivo de muitas das suas dores de cabeça terem sido minha culpa.

- Isso foi divertido. - Ela diz se sentando novamente e colocando o cinto.

- Da próxima vou te levar a uma montanha russa. - Sorrio ao pensar.

- Eu adoraria ir em uma.

- Nunca foi?

- Bom... não... tenho medo de passar mal, mas acho que algum dia você poderia ir comigo.

- Você não vai passar mal.

- Eu também queria ir no aquário... o horário de funcionamento sempre bateu com o meu de trabalho.

- Aquário então.

- E comida caseira! Meu Deus. - Ela ri. - Quantos anos que eu não como comida caseira! Quando eu tiver minha própria cozinha vou cozinhar algo com abóbora moranga.

- Você pode usar a minha. - Digo já sabendo da resposta.

- Eu quero ir à feira, sabe? Quero escolher uma cenoura e ficar com dó das esquisitinhas que deixei para trás. Quero ter meus próprios ímãs de geladeira e uma capa de botijão de crochê. Sabe o que eu quero? - Ela pergunta rindo de si mesma. - Quero sair à noite sem motivos. Sem ter que trabalhar. Quero ir a um show de música e apenas curtir.

Eu acabo rindo da sua empolgação. De onde saiu isso tudo?

- Uma capa de botijão?

- Sim! Eu acho que posso aprender a fazer crochê, você não acha?

- Acho que você pode fazer qualquer coisa que quiser.

Ela fecha o sorriso um pouco e prende fios de cabelo atrás da orelha.

- Será que isso passa? Essa vontade de fazer tudo?

- Ah Ariella. Isso nunca foi embora. Só esteve guardado em você.

O muito que Ella senteWhere stories live. Discover now