Surpresa!

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Seus olhos castanhos escuros me fitavam. Neles eu podia enxergar paixão e curiosidade. No sorriso em seus lábios, eu podia ver doçura.

Sentada com ela naquele parque, eu conseguia, finalmente, entender o quanto estava apaixonada.

Ela desviou seu olhar do meu, mas encostou-se em meu peito e fechou os olhos, respirando profundamente, como se quisesse deixar aquele momento gravado em sua memória.

– Exatamente um ano de namoro – sua voz, doce como sempre, chamou minha atenção. Com um de meus braços, a trouxe para mais perto e lhe beijei a bochecha.

– Seu pedido foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar – sorrindo, pressionei meus lábios contra os seus. Foi a minha vez de fechar os olhos e me recostar em seu ombro – Obrigada.

– De nada, – ela riu suavemente – mas porque mesmo?

– Você sabe... Por não contarmos pros meus pais, nem pro resto dos meus amigos. Bela, você é a namorada mais compreensível e paciente que alguém poderia ter.

Abri meus olhos e encontrei com os dela. Meu passatempo preferido, certamente, era me perder naquela imensidão castanha.

–Ei, esse é só o meu dever como sua namorada. Você quem me pediu isso, Sara, e, se em algum momento você decidir que quer contar, então nós faremos isso juntas – sorriu.

Comprimi meus lábios e voltei a deitar a cabeça em seu ombro, enquanto ela passava seus dedos por entre meus cachos, num delicioso cafuné.

O celular de Isabela apitou, indicando que recebera uma nova mensagem.

– Acho que seus pais estão desconfiados por eu ter te roubado por tanto tempo, logo no seu aniversário – ela riu assim que conferiu a mensagem.

– Nos chamaram pra tomar um café? – ri quando eu mesma a li – Eles definitivamente estão desconfiados.

– Então... Vamos?

– Vamos. – Concordei, mas continuei encostada em seu ombro.

– Ei – Bela começou a me cutucar por todo o corpo, provocando cócegas, nos fazendo rir.

Levantei-me para correr e evitar as cócegas, mas pouquíssimo tempo depois, Isabela estava me perseguindo, e, sem que eu percebesse, já estávamos saindo do parque, no meio de uma insana brincadeira de Pega-Pega.

Quando chegamos em frente à minha casa, Bela me segurou para que não abrisse a porta e me deu um beijo. Não apenas uma insignificante troca de salivas, mas sim um beijo do qual eu nunca iria me cansar. Um beijo tão doce quanto ela. Quando o paramos, nos separamos com pequenos sorrisos, e enfim, abri a porta.

Um coro de "Surpresa!" foi gritado antes mesmo que eu entrasse na sala. Um enorme cartaz colado na parede dizia "Feliz aniversário, Sara" e várias fotos minhas estavam espalhadas por ele. Algumas pessoas pularam rapidamente de trás do sofá, estourando bexigas e gritando, logo as reconheci como meus amigos, todos eles. Um nó se instalou em minha garganta.

– Ai meu Deus – fora tudo o que consegui dizer no meio de tantos gritos, risadas e bagunça.

Enquanto assimilava o que estava acontecendo, já havia uma fila de pessoas para me abraçar, os primeiros eram meus pais.

Meu pai apenas me abraçou, impedido pelo choro de dizer qualquer coisa.

– Parabéns, meu amor, – minha mãe me deu um beijo na testa – muita saúde, sabedoria felicidade e tudo que houver de melhor.

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