De: Wilhelm Jung
Para: Friedrich Müller
Malmedy, Império Alemão, 21 de dezembro de 1914.
Querido Fritz,
Como você já deve saber, os ataques á Bélgica cessaram devido ao rigoroso inverno,para insatisfação de Winterhalter. Falando nele, neste exato momento enquanto escrevo esta carta, ele está em cima de uma mesa, com o braço esquerdo em volta dos ombros de um jovem garoto ruivo cujo nome não me vem a memória, cantando fervorosamente uma canção de autoria própria, feita em homenagem á Amélie, sua esposa, que o espera em Nuremberg, junto aos três filhos (ou quatro, estava grávida quando o marido partiu). Ele é jovem, não muito mais velho do que nós, mas já deixou seu legado no mundo,três mini pedaços dele andando por aí.Nao tenho certeza se quero que ela oussa a canção, é bem ruim pra falar a verdade, música não é o forte de Hermann Winterhalter, mas também não o quero morto, sua presença é inconveniente na maior parte do tempo, porém vê-lo todos os dias é tão comum quanto respirar.
Nas cartas mais recentes que recebi, Anna relatou que as primeiras palavras ditas por Erik foram Max, o nome de papai, e neve. Você deve estar tão orgulhoso, seu bebê está crescendo. Queria estar aí, mas não totalmente.
Você sabe muito bem que você é a verdadeira razão de eu ter entrado no exército, seu casamento com Anna me devastou em tantos níveis, que não há palavras educadas para descrever o que senti dentro daquela igreja. Esses sentimentos me fizeram sentir como se fosse o pior dos seres humanos, afinal, ela estava feliz, ela é feliz (suponho e espero eu), e não há nada que devesse me deixar mais contente do que ver minha irmãzinha sorrir. Infelizmente, meu maior amor tem nome e sobrenome, o seu, que agora compartilha com ela, mas não quero que se culpe caso eu venha á morrer.
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Malmedy, dezembro de 1914
Historical FictionA guerra começou a alguns meses atrás mas já parece que são anos. Espero não demorar para estar junto a ti novamente. Mande saudações a todos aí em Dresden. Para sempre seu, Wilhelm