Anjo da guarda.

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Abri os olhos lentamente, tentando lembrar de toda a noite passada, tentativa falha. Não lembro de muita coisa, apenas de ouvir sirenes e pouco tempo depois está dentro de uma cela de prisão muito mais confortável que a maioria dos quartos que passei as últimas noites. Ouço vozes se aproximarem e logo depois vejo o Policial Mitchell se aproximar com um sorriso no rosto.

- Não posso dizer que não estou adorando essa cena, Marshall. – Diz se aproximando das grades.

- Sua expressão já mostra isso. E como vai a namorada do Michael? Ah, tinha esquecido que ela o trocou por uma noite comigo. Ele voltou a sair de casa depois disso? – Esperei uma resposta e sabia que não receberia.

Mitchell tinha uma história com minha família há um certo tempo. Ele prendeu meu pai algumas vezes, o mandou para o lugar onde aconteceu sua morte. Foi difícil dizer adeus.

- Viu seu pai recentemente? Digo, visitou o túmulo dele recentemente? – Aquilo formou um nó na minha garganta. Qual o problema dele?

- Não. Quer que eu pergunte ao Mike se ele quer ir comigo? Já peço ao coveiro providenciar um caixão do tamanho certo. – Sorri ao notar a expressão em seu rosto.

- Não se aproxime do meu filho, ou eu mesmo mato você! – Acho que ele não gostou da idéia.

- Isso foi uma ameaça? – Sorri ao ouvir a voz de Bash.

Sebastian, ou Bash, é o meu irmão mais velho. Ele é advogado em noventa por cento do tempo, mas no tempo livre ele vira meu anjo da guarda.

- Claro que não, Chris estava brincando certo? – Emma, chefe de Mitchell, direcionou o olhar a ele.

- Claro! – Mitchell colocou um sorriso falso no rosto, e olhou para mim.

- Vamos discutir a fiança da minha irmã ou continuar brincando? Preciso trabalhar.

Todos assentiram e saíram em direção a porta. Poucos minutos depois Bash volta, junto a um policial que abre a cela e libera passagem para mim. Bash me abraça, depois de me olhar de cima a baixo e diz:

- Eles ficarão com sua arma.

- NÃO! – Olhei para ele incrédula – Tem noção do dinheiro que eu gastei nela? É para defesa pessoal, eles não podem fazer isso.

- Podem. E fizeram. Apenas aceite a decisão deles ou volte para lá. – Apontou para dentro da cela.

Sai da delegacia antes que ele continuasse com aquele sermão idiota. Ele acha mesmo que eu vou ficar sem um meio de defesa? Nem todo mundo vive nesse mundinho perfeito dele.

- Fazer beicinho não vai ajudar em nada, você não é mais criança, Bella. – Disse enquanto entrávamos em uma lanchonete aleatória .

- Desculpa, Pai. Por não ser boa o suficiente para me tornar uma advogada como você. – Sorri irônica para ele.

- Tudo bem. Já chega. O que aconteceu dessa vez? – Ah maninho, nem eu sei.

- Não lembro de muita coisa. – Peguei o cardápio e fique olhando para o mesmo.

- Estava chapada? – Levantei os olhos para ele e sorri.

- Não. Tomei alguns copos de vodka, mas nada de drogas ilícitas. – Voltei o olhar ao cardápio.

- Copos? Qual é, Bella? Eu te conheço desde que nasceu. Essa conversa não cola comigo. – Por que ele é tão insistente?

- Litros. E talvez não fosse só vodka. Mas o lance das drogas é verdade. – Ele me olhou e assentiu.

Bash me conhecia, mais que qualquer outra pessoa. Era um irmão dedicado mesmo com o trabalho ocupando seu tempo ele sempre arrumava um tempo na semana para me ver. Depois de uma longa conversa, chegou a hora de se despedir.

- Quero que fique com isso. – Me entregou um envelope com várias notas. – E me prometa que não vai comprar outra arma com esse dinheiro.

Ele me olhava esperando uma resposta. Eu precisava de uma arma, mas não iria usar aquele dinheiro para isso. Se era tão importante para ele, eu faria.

- Tudo bem. – Assenti e ele me abraçou.

- Diga a ele que eu sinto saudade. – Apertei ele contra mim e disse:

- Eu direi.

- Eu te amo, Bella. – Sorri ao ouvir aquilo.

- Também te amo, Bash.

MistakesWhere stories live. Discover now