Ele tentou ser discreto, mas Mustafá percebeu o olhar e sorriso que eles trocaram, aquele não era o olhar de sempre, havia algo diferente em seu neto. Preferiu não comentar nada naquele momento, durante a semana conversaria com ele a sós, já virá aquele tipo de reação antes e suas consequências foram árduas a família, por isso seu pai tinha proibido envolvimentos entre parentes, e sua ordem era obedecida até hoje.

Sabia que seu neto não iria contra as regras, ele era muito centrado, porém precisava reforçar aquela ideia, o amor fazia homens e mulheres perderem a noção dos limites, não queria que isso acontecesse com Murat.

- Filho, quero que você venha aqui amanhã a tarde para conversarmos sobre algumas outras regras! Só você e eu, pode ser?

- Claro, como o senhor quiser! - Respondeu e se retirou.

Mustafá também chamou Ayla para uma conversa, queria sondar até onde aquela ligação era perigosa.

- Minha querida, me fale como vão os estudos?

- Bem vovô, não tenho muitas dificuldades, adoro engenharia. Tudo se torna fácil quando gostamos do que fazemos - Disse sorrindo.

- Sim é verdade! - Respondeu - Você não está dando muito trabalho ao seu primo não é?

Ela mordeu o lábio inferior e levantou uma sobrancelha, pois não poderia mentir para o avô. Ele logo percebeu a sua recusa em responder e lhe disse:

- Ayla, o que você fez dessa vez?

- Nada demais, só as mesmas coisas de sempre - desconversou - O problema é que Murat está piorando a cada dia, ele é muito inconveniente, vive aborrecido, então tudo que eu faço pra ele é errado, ele sempre procura alguém para descontar suas frustrações e eu sou sempre a vítima.

Mustafá riu com a última argumentação, ela poderia ser tudo, menos vítima!

- Com o que ele está frustrado? - quis saber.

- Não sei se ele está, mas aparenta! - respondeu

- Minha flor, você e ele precisam conversar, tentar se entender, negociar. Você sabe que ele é responsável por você, qualquer coisa de ruim que venha lhe acontecer ele será responsabilizado, então claro que ele vai ficar estressado se você não cooperar. Tente ser mais compreensiva, menos audaciosa.

- Não consigo vovô! Ele desperta essa raiva em mim com seu jeito tirano. Eu amo o Murat, mas as vezes ele me tira do sério.

- Claro que você o ama, ele é seu primo, quase um irmão, vive com você a maior parte da sua vida. Ele também te ama e tenta cuidar de você da melhor forma possível, e pelo bem de vocês dois eu peço que tanto você quanto ele tentem se entender.

Mustafá viu quem nada tinha nela que denotasse um interesse maior que o normal por seu primo, diferente do que aparentemente Murat sentia, não que isso fosse um crime, era até muito normal ele se sentir assim. Ayla era uma mulher, com todos os atrativos e tentações físicas imagináveis para um homem, seu espírito livre e questionador encantaria os mais experientes, tornando-a uma presa fácil.

Também por essa razão não deixava Murat voltar para casa dos pais e monitorá-la de longe. Os homens poderiam enganá-la fácil e se aproveitarem de sua inocência. Derya era muito bonita também, mas diferente da prima, era mais reservada e tinha a mãe ao seu lado. Já sua nora Fatma, mãe de Ayla sempre trabalhou fora, mais um motivo para sua neta ter essa mania de falar em independência.

Ele não era contra as mulheres que trabalhavam ou estudavam, tinha orgulho das netas que logo mais teriam um diploma e uma profissão, mas elas só deveriam trabalhar fora se conseguissem dar conta das suas obrigações como esposa e mãe, queria muito que elas se interessassem em aprender a ser uma boa dona de casa também, Derya já mostrava seus dotes desde criança, mas Ayla, apesar de conseguir fazer tudo, não gostava da ideia de casamento e isso o preocupava bastante.

Amor em Istambul - AMAZONWhere stories live. Discover now