- Então você acha que eu deveria ter um castigo mais duro, ok, entendi!

- Não, eu só quero te mostrar que você é a preferida de Murat, não importa o que você faça ele nunca vai te entregar ao vovô e nunca vai te dar um castigo a altura.

Ayla achou melhor não contar que quando chegou em casa sua refeição já estava pronta, lhe esperando, e que a noite Murat fez pipoca para eles assistirem a um filme.

- Murat não tem preferidos, ele tem vítimas! - Disse Derya - E se eu fosse você tomaria cuidado com ele, toda paciência tem limites.

E finalizando o assunto voltaram para a aula.

Seria ótimo se Murat tivesse mais uma ocupação além da vida dela, talvez se ele praticasse um esporte, ou se fizesse mais outro curso, até para ele sair com os amigos era complicado já que deixava tudo para o fim de semana quando voltava para a casa dos pais. Difícil de livrar esse Murat, mas pensaria em algo bem criativo e que ele não pudesse recusar. Dessa vez não diria nada a Derya, faria tudo por conta própria.

Era fim de semana e estavam todos reunidos na casa do patriarca da família, Mustafá adorava ter toda família em volta de si. Não tinha mais tanta mobilidade nas pernas já cansadas por isso evitava andar e passava maior parte do tempo em sua poltrona. O idoso vivia com a nora Selin, mãe de Ozan em Kadiköy, distrito que ficava na parte asiática de Istambul. Viúvo a muitos anos, preferiu não se casar novamente, preservando a memória da sua única esposa e mãe dos seus três filhos. Ele não escondia sua predileção por Murat seu neto mais velho e que lhe dava muito orgulho. Olhava para Murat e se via quando mais jovem, assim como ele fora encarregado de cuidar dos irmãos e primas que moravam mais próximas de sua casa e que eram solteiras. O rapaz era mais sortudo que ele, só tinha três para se responsabilizar, Mustafá tinha mais que o triplo disso, apesar de que Ayla valia por todos eles.

Olhava para a neta na cozinha que terminava de lavar a louça do almoço, tinha crescido, era quase uma mulher, talvez ela desse todo esse trabalho por que não tinha muita coisa para fazer, se a mantivesse ocupada com algo talvez essas ideias loucas que tinha acabassem se dissipando.

- Murat? Venha aqui - Chamou o senhor idoso, mas muito lúcido e perspicaz.

- Sim vovô, o que deseja?- Veio ele de pronto.

- Me fale sobre Ayla, como ela vem reagindo ultimamente?

Murat olhou-a na cozinha entretida com seus afazeres e suspirou pesadamente.

- Bem vovô, o senhor conhece a sua neta, sempre geniosa, mandona, caprichosa, egoísta, manipuladora e egocêntrica! - Disse dando um meio sorriso com a expressão assustada do avô.

- Ótimas qualidades para uma mulher! - Brincou - Meu filho venha aqui, chamou o ancião e ele obedeceu se sentando aos pés do avô.

- Você acha que Ayla estaria pronta para um noivado?

Murat se assustou com a pergunta, imaginando que o avô já tinha um pretendente em vista para a prima. Seu coração se comprimiu ao imaginar Ayla dormindo em outra cama que não fosse a sua.

- Não, não acho! Ela é muito imatura, precisa de mais experiência de vida.

- E você? - Perguntou.

- Eu prefiro terminar a faculdade, só falta mais um ano, está muito perto, preciso me dedicar!

- Certo, mas não demore muito para encontrar uma boa mulher, o tempo passa, e um turco precisa ter filhos para dar continuidade a sua existência.

- Certo vovô, mas é que no momento nenhuma mulher despertou meu sincero interesse - Disse, para em seguida olhar na direção de Ayla que também estava olhando para ele, ficaram apenas alguns segundos com os olhares presos um no outro, ela lhe sorriu e ele respondeu apenas com uma leve curva nos lábios.

Amor em Istambul - AMAZONOnde as histórias ganham vida. Descobre agora