Capítulo 01

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APENAS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Eu esperava alguém para me buscar. Desci do ônibus e procurei pela cabeça ruiva da Diana, mas nem sinal dela. Ótimo! Tudo que eu precisava era ficar perdida no meu primeiro dia na cidade. Saí puxando minha mala e passando entre a multidão. Eu deveria perguntar a alguém como chegar. Parei em um canto e procurei em minha bolsa o papel com o endereço da Diana. Por fim, encontrei. Parei a primeira pessoa que passou por mim, um rapaz de uns dezoito anos, olhos verdes e um piercing tentador no lábio inferior.

— Com licença. Será que saberia me dizer como chegar a esse endereço?

Ele pegou o papel da minha mão, mas não o olhou. Olhou para meu rosto e depois passeou os olhos pelo meu corpo, se concentrando nas minhas pernas por um tempo. Eu pigarreei e ele voltou a si, com um sorriso me disse qual ônibus eu deveria pegar e onde. Eu agradeci e quando ia saindo, ele pediu meu telefone. Perguntei sua idade e estava certa, ele tinha dezoito anos. Eu era dois anos mais velha, não ia rolar. Ele ainda insistiu e eu saí da rodoviária com uma ótima impressão da cidade nova.

Vou dizer a verdade, eu fiquei perdida, peguei a rua errada umas três vezes, até que uma moça gentil me levou até o ponto correto. Fiquei perdida na hora de descer, o trocador esqueceu de me avisar e tive que andar quatro quarteirões de volta. Já havia anoitecido e ao longe eu ouvia uma música alta. Conforme fui me aproximando do número 402, o número da casa da minha amiga, mais alto o som ficava. Quando parei em frente à casa dela, adivinha? O som vinha de lá. Estava rolando uma festa, ao que parecia.

Saí arrastando minha mala e bati na porta, mas claro que com o som alto daquele jeito, ninguém ouviria, então entrei. Havia muita gente lá dentro, dançando alucinadamente na sala, onde um jogo de luzes fazia parecer uma boate. Procurei a cabeça ruiva dela por ali, mas não achei. Então fui procurando, entrei na cozinha e um casal estava se pegando em cima da mesa, mesmo com muitas pessoas em volta. Quando eu digo que estavam se pegando, quero dizer que ele estava com a calça abaixada metendo na garota que estava em cima da mesa com as pernas abertas. Algumas pessoas em volta olhavam a cena e aplaudiam. Fiquei um tempo sem reação parada ali. Quando um dos caras que assistia, olhou para mim com segundas intenções, saí dali correndo. Olhei na varanda dos fundos, no corredor, na copa, a casa estava cheia e nem sinal da Diana.

Talvez estivesse lá em cima com o namorado. Eu não conheço o namorado dela, somente por fotos, eles namoram há uns três anos, desde quando ela se mudou para cá. Subi as escadas arrastando a mala e ainda tive que me desviar no caminho de uns carinhas bêbados que queriam alguma coisa comigo. Abri a porta do primeiro quarto e dei um grito. Havia dois casais transando ali. Pedi desculpas e saí. Tive medo de abrir a porta do segundo quarto, respirei fundo e abri bem devagar, olhando primeiro antes de entrar. Finalmente avistei a cabeça ruiva de Diana, mas ela não estava sozinha. Ela estava de quatro na cama enquanto chupava um cara e outro metia nela por trás. Fiquei em choque. Nenhum dos dois era o namorado dela. Saí rapidamente para não ter que ver mais aquilo e me encaminhei ao terceiro quarto.

Acho que rezei tanto para o quarto estar vazio, que estava. Respirei aliviada e entrei, me joguei na cama e fiquei ali por horas pensando na vida. Pensando se havia feito a coisa certa ao me mudar para aquela cidade, se não deveria ter continuado na fazenda. Eu ia começar a faculdade de Jornalismo na UFMG, por isso me mudei do interior, mas talvez eu devesse mesmo cuidar da fazenda e ajudar meus velhos. Acabei adormecendo perdida em pensamentos.

Acordei com uma luz forte na minha cara, me levantei, fiz a higiene e saí do quarto. Nem me atrevi a olhar nos quartos de novo, desci direto. A casa estava vazia e estava uma zona. Havia copos, pratos, roupas íntimas, camisinhas usadas, espalhadas por todo canto. Fui olhando onde pisava até a cozinha, um cara ainda dormia no chão. Passei por ele e abri a geladeira, estava faminta. Peguei uma caixa de leite, procurei um copo e o coloquei ali. Quando ia tomar, uma mão segurou meu braço.

Proibido - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora