Capítulo 2

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Em uma sala fechada o piso de tábuas estala sob o peso de um grande homem barbudo, este apóia as mãos sobre a cabeceira de uma mesa retangular rústica de carvalho enquanto conversa com uma figura magra de barba castanha trançada usando um capuz de peles de animais e outro homem alto trajando roupas finas. Este indaga ao da cabeceira:

-Então? Está tudo certo?

-Ainda tenho minhas dúvidas – responde o homem barbudo – Meu irmão tem certeza que isto é seguro?

-Sabes que meu senhor não é um homem supersticioso, certamente não tememos nenhum espírito da floresta ou coisa parecida.

-Meu irmão sempre foi um grande tolo! Os deuses ainda hão de puni-lo por sua descrença.

O homem sob o capuz de peles , que estava até agora calado se aproxima do homenzarrão da cabeceira e fala:

-Meu Jarl*, esta manhã durante minha meditação os deuses a anunciaram mim que hoje seria tomada uma decisão que pode nos levar a ruína...e eu temo que essa decisão possa ser a que está prestes a tomar agora.

-Você ouviu Drastemus, espera mesmo que eu concorde com meu irmão depois deste anúncio dos deuses a meu druida*?

O homem bem vestido era Ermirion, estava ali como um mensageiro e negociador, mas apesar de sua tarefa paciência para negociar nunca fora uma de suas virtudes, ainda mais se lidava com pessoas supersticiosas daquele nível. Ele respirou fundo e voltou a falar tentando não transparecer a irritação que sentia com aquela conversa.

-Perdão meu senhor, mas creio que não esteja ra... – Interrompeu-se diante do olhar inquisitivo do Jarl – creio que não esteja sendo sensato. Se essa estrada for construída iremos economizar horas de viagem entre nossas cidades, além de conseguirmos um caminho mais seguro. Já que os ataques de saqueadores vindos de terras ao norte estão tornando insustentáveis as viagens pela estrada que circula a floresta.

O jarl olha para o druida com uma expressão de súplica e este simplesmente abaixa a cabeça e diz:

-A mensagem dos deuses já foi dada.

-Seu druida afirma que hoje seria tomada uma decisão que nos levaria a ruína, mas o que o diz que esta decisão não seria a de não construirmos a estrada? O senhor deve saber que tuas terras e de vossos irmãos precisam umas das outras, principalmente para o comércio e transporte de mercadorias. O isolamento que estamos sofrendo pode e irá nos destruir! – Disse o mensageiro astutamente.

Ermirion sabia que estava certo já que as terras de seu senhor por ficarem próximas à costa eram responsáveis pelo maior comércio de pescado e também tinham uma forte pecuária, enquanto as do lorde com quem negociava possuíam uma vasta produção de grãos, e por sua vez o terceiro irmão possuía uma grande mina de metais em suas terras próximas as colinas. O comércio triangular era a base do desenvolvimento mútuo.

O lorde gordo ficou algum tempo pensando enquanto coçava sua barba, até que finalmente suspira e pronuncia-se:

-Avise a meu irmão que concordo.

-Estou certo de que tomou a melhor decisão! – Diz o mensageiro abrindo pela primeira vez na reunião um sorriso.

-Mas tenho uma condição! Diga-o que quero que receba um druida em suas terras, para que ele junto a Drastemus afastem o mal e os espíritos desta empreitada... E que os deuses nos protejam – disse a última frase para si mesmo.

-Meu senhor com certeza aceitará vossas reivindicações – afirmou com um certo desgosto – Ele gostaria que mandasse os trabalhadores começarem imediatamente. Nosso objetivo é que a obra esteja concluída até o Yule*.

Fimion era o nome do Jarl das terras da costa que enviara o mensageiro. Ele não gostava de druidas, pois seus pais morreram cedo, e sua guarda junto à de seus irmãos, que agora também eram lordes de suas terras vizinhas, foi dada ao druida de sua aldeia, este constantemente surrava a ele e seu irmão do meio Fidrus, este aprendeu a temer os druidas e os deuses, já Fimion a odiá-los. Todo este ódio levou-o a não permitir a entrada de nenhum druida em suas terras, também a impedir o culto aos deuses antigos publicamente. A maioria das pessoas o chamava de louco, pois os druidas possuem o direito divino de ir e vir a sua vontade, e diziam que os deuses ainda o castigariam, mas o Jarl simplesmente os ignorava.

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⏰ Last updated: Apr 26, 2018 ⏰

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O Cavaleiro da noiteWhere stories live. Discover now