Luz da vida/ Mais um passo...

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Tudo que eu queria era você aqui pequena e aquela sua proposta pra uma conversa...

___ Disse que me teria onde e quando quisesse e não estava brincando. __ Sussurra suavemente em meu ouvido, e abro os olhos, que nem havia notado que os tinha fechado, assustado.

Salto da cama ainda abismado e encontro a desconhecida parada ali, ao meu lado sorrindo.

__ Não gostou de me ver ? __ Pergunta ainda sem tirar o sorriso do rosto.

Levo as mãos ao peito, ainda tentando me recuperar do assombro que foi escutar sua voz e vê-la ali.

__ Eu... Como... Entrou... __ As palavras saem desconexas e desisto de tentar me fazer entender.

__ Não importa.... __ Diz enquanto se aproxima
__ Me pediu "socorro" e cá estou eu!

Seu corpo tão próximo do meu, me causa sensações estranhas...

Efeitos que não são carnais.

Suas mãos envolvem meu rosto, e me permito fechar os olhos, aproveitando seu toque.

__ Seu corpo está leve, diferente do que presenciei mais cedo... __ Comenta quase que num sussurro.

Ela tem razão, descobrir tais coisas de Suzanne e ouvir dela com sinceridade tudo que sente sobre mim, de certa forma me libertou.

Seus carinhos me fazem viajar pra lugares que eu jamais imaginei estar...

__ O que você faz comigo?... __ Suspiro de olhos ainda fechados.

__ Te dou aquilo que você precisa... __ Sinto sua respiração em meu pescoço e logo em meu ouvido.
__ Amor e cuidado! __ Sussurra suavemente e meu corpo estremece.

Queria entender, como ela consegue esse poder de me desarmar por inteiro.

Suas mãos descem de meu rosto pras minhas mãos, e como da última vez, elas estão frias. Nesse momento, abro meus olhos e vislumbro íris azuis brilhantes, que me causa uma felicidade inexplicável.

Ela me puxa de volta pra cama, e me faz deitar, colocando-se ao meu lado logo em seguida. Mas não feliz, encosta as costas nos travesseiros altos que tem ali, e bate em seu colo pra que coloque minha cabeça. Vou de bom grado.

Fico calado, apenas observando-a escovar meu cabelo com a ponta dos dedos.

__ Mais cedo, não te contei minha história. Bom, fui meio evasiva quanto a ela, na verdade. __ Vejo um sorriso se formar timidamente em sua face, mesmo que esteja de cabeça pra baixo em meu campo de visão.

E realmente, estou bem curioso quanto a minha "amiga" misteriosa.

__ Minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos, ela era viciada em crack...

Meu peito aperta e por insistindo levanto.

__ Nossa, eu... Eu sinto muito! __ Interrompo-a e ela faz gesto pra que eu volte pra seu colo e ela, pro seu delicioso cafune. No mesmo momento rio e volto a me deitar.

__ .... Tive uma infância bem complicada, regida de lágrimas por muita saudade dela. __ Seu tom de voz é baixo, e posso notar que morde o lábio. Talvez, tentando segurar o choro.

Volto a levantar, e a pego de surpresa por lhe abraçar.

Seu corpo magro e frágil se molda facilmente ao meu, e em fração de segundos escuto seus soluços baixos.

Faço carinho em suas costas, e deixo que ela ponha pra fora tudo que dói.

É uma troca de dores constante entre nós, e fico feliz que estejamos nos dando tão bem e sendo o apoio que o outro precisa.

A deito aos poucos na cama, ainda sem largar seu corpo.

__ Pode chorar, chora tudo!

__ Eu nunca tive ninguém! __ Exprime ela, e tamanha é a dor que isso passa.

Me pego juntamente chorando, imaginando que era eu que, a alguns meses, estava dizendo essas mesmas palavras, enquanto quebrava esse quatro inteiro.

Ficámos ali juntos, sem nada dizer, apenas ouvindo os soluços um do outro.

...

Abro os olhos com extrema dificuldade, por que a cabeça dói muito.

Esfrego uma das mãos em meu rosto, e bocejo.

O quarto já está tomado pela luz do sol, e levanto com preguiça, me arrastando até o banheiro.

Antes de fazer minha higiene matinal, sinto um cheiro delicioso de camomila no ar e saio apressado da pia, procurando pela minha amiga ainda sem nome.

Nada dela, nem um sinal de que esteve aqui noite passada.

Volto inquieto pro banheiro e faço o que tenho que fazer. Troco de roupa, optando por uma calça de moletom cinza junto a uma camisa branca e desço.

O cheiro de café com panquecas invade o ar, e abro um largo sorriso.

Desço os últimos degrais correndo, indo pra cozinha.

Encontro Paul sentado tomando seu típico café preto e lendo seu jornal.

__ Ué, viu passarinho verde? __ Pergunta ele baixando o jornal pra me olhar.

__ Não, só... Fiquei surpreso em te ver aqui e ainda mais por ter cozinhado. __ Sento-me ao seu lado e me sirvo com o que tem a mesa.

__ Me deu vontade e vim.


✨✨✨

Um Encontro Que Mudou Minha VidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora