ex melhor amiga

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Está vendo aquela menina sentada logo ali? Há alguns meses, ela era minha melhor amiga. Ela sabe tudo sobre mim, me conhece como a palma de sua mão. Eu estive com ela nos piores momentos, enxuguei cada uma das lágrimas que ela deixou cair; eu assisti filmes, comi doces, ri de mil piadas diferentes. Chorei com ela também, briguei muito, mas a nossa amizade sempre vencia de tudo. Era eu quem estava lá quando um idiota quebrou seu coração, quando ela não passou na prova ou brigou com os pais. E era ela também. Ela que me estendeu a mão, me fez rir quando tudo que eu mais queria era chorar. E hoje estamos separadas. Ela conheceu uma menina. Uma menina que jamais faria metade das coisas que eu fiz. Uma menina que a fez tudo de pior que pode se imaginar, que quebrou-a por dentro, destruiu cada um dos pedaços de seu coração, e mesmo assim, era eu quem estava ali pra consertar. Mas, ela viu algo naquela menina. Algo que eu não tinha, algo que eu jamais poderia ter. E ela me deixou. Foi embora, usando os mesmos apelidos que antes pertenciam à mim. Foi pra longe, chamando-a de “melhor amiga”, “irmã de outra mãe”, e me deixou. Eu fiquei sem reação, sozinha no mundo, sem minha melhor amiga, sem a pessoa que guardava meus maiores segredos. Estava exatamente como ela, sozinha, sentada em qualquer lugar, pensando em qualquer coisa, com um vazio. Eu chorei, cara como eu chorei. Eu passei noites sem dormir, dias sem comer, na espera de qualquer mensagem, qualquer telefonema. Até que eu deixei passar; deixei aquela história de lado, segui minha vida sem falar com ela sequer um dia. Não a esqueci, não deixei de sentir falta, apenas a deixei. Mas então a menina a magoou de novo, dessa vez um tanto quanto pior; ela havia ficado com seu namorado. Ela me procurou, e sabe, por um instante eu tive a vontade de pegá-la e cuidá-la, como se ela ainda fosse a minha melhor amiga, mas eu não consegui. Pela primeira vez na vida eu havia recusado ajudá-la, dar lhe colo; pela primeira vez na vida, ao ver aqueles olhos cheios de lágrimas, eu não consegui enxugá-las. Ela me pediu desculpa, disse que sentia muito, implorou por meu perdão, e eu juro que perdoei, por mais que soubesse que ela não sentia. É que ela mudou tanto. Ela me escutava, confiava em mim, se preocupava, corria atrás, dizia nunca me deixar e deixou. Jogou toda a nossa amizade no lixo, como se fosse um nada, como se eu fosse um nada, e me trocou por alguém que foi falsa, que não dava a mínima, e mesmo me tendo ali, dando toda a importância, se foi. Ela não era mais a mesma, não era mais a minha melhor amiga, e pela primeira vez pude sentir o fim daquilo. Acabou como se fosse fácil seguir em frente sem lembrar de tudo o que passamos, de todas as vezes que sorrimos e choramos. E acredite, eu acho que foi melhor assim. Quero lembrá-la como se fosse algo bom, porque, por um tempo, foi. Nunca me esquecerei de todas as vezes em que ela secou minhas lágrimas, cuidou de mim quando ninguém mais cuidou, por me aturar nos dias em que eu estava na pior tpm, por cada conselho, por brigar comigo tentando impedir de fazer as maiores loucuras. Hoje, depois de tudo, sou mais forte. Mas doeu, sabe. Levei um certo tempo pra me recuperar, pra entender que não a teria mais, mas cada lágrima valeu a pena. Cada choro me mostrou que a única pessoa que pode me ajudar, sou eu mesma. Que a única pessoa em que eu posso confiar e que vai estar ali pra sempre, sou eu mesma.

12/04/18

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