— Ai, meu Deus. Olha — Tomlinson respirou fundo e contou até dez. Não deu certo. —, eu vou ser direto com você, Harry. Não tenho habilidades sociais apuradas, o que é muito curioso se levar em consideração que sou um advogado. Mas estou numa situação difícil e você é a minha última esperança. — Ele bebeu um gole da água que havia pedido quando chegara. — Eu preciso que você finja ser o meu namorado.

A fisionomia simpática característica de primeiro encontro sumiu do rosto bem esculpido de Harry Styles, dando lugar a um cenho franzido.

— Espera, o quê? Como assim, fingir ser seu namorado?

— Eu estou desesperado. Por favor?

Ah. O que isso quer dizer? — Ele cruzou os braços tatuados na altura do peito. Uma sereia horrivelmente desenhada encarava Louis. — Quer dizer que você nunca teria aceitado ir a um encontro comigo se não fosse seu desespero?

— Bem, você é muito bonito, mas creio que a resposta à sua pergunta seria não. Diferença de idade e tudo mais, mundos separados, outros valores morais, esse tipo de coisa, sabe?

Espera. Quantos anos você tem? — Harry agora tinha uma expressão de descrença, olhos verdes ligeiramente arregalados e boca entreaberta.

— Trinta e dois.

— No seu perfil diz vinte e seis!

— Todos nós mentimos a idade, não faça essa cara de surpresa.

— Eu não!

— Você tem vinte anos, não entenderia. — Louis disse em um tom inexpressivo.

— Vinte e um. — Harry consertou, balançando a cabeça para os lados. — Você tem problemas sérios, eu deveria ir embora daqui. — Remexendo-se de maneira desconfortável em seu assento, murmurou: — Merda, preciso urgentemente de um cigarro.

— Fumar mata.

Harry fez uma careta.

— Ser idiota também.

Louis suspirou.

— Apenas escute o que eu tenho a dizer.

E, olhando para as suas mãos sobre seu colo, ele resumiu a história da festa de gala, de sua família e de seu relacionamento fictício.

— Se antes eu desconfiava da sua sanidade mental, agora estou prestes a te internar em uma instituição psiquiátrica. — Styles respondeu com as sobrancelhas arqueadas. — O que eu possivelmente poderia ganhar te ajudando, além de uma dor de cabeça?

— Não sei. Dinheiro? Eu posso te pagar, se estiver interessado.

— Eu não estou tentando me prostituir, Louis. — Ele se inclinou para a frente, olhos semicerrados. — Mas estamos falando de quantas libras exatamente?

Louis sorriu, tirando sua carteira do bolso e abrindo-a. Colocou um talão de cheques sobre a mesa junto a uma caneta esferográfica preta personalizada com suas inicias.

— Quanto você acha o suficiente? Realisticamente, óbvio.

— A sua carteira é da Gucci? — Escapou da boca de Harry antes que ele pudesse se controlar. Choque estampava seu rosto.

— Eu trabalho para a Gucci, então sim. — Ele respondeu, dando de ombros.

— Puta que pariu. Quem é você?

— Eu já me apresentei. Já até revelei a minha idade verdadeira para você.

— Eu aceito ser seu namorado de mentira se você me conseguir algumas peças da nova coleção deles. — Harry impôs suas condições, encarando-o firmemente.

— Deixe-me ver se entendi. Você não quer dinheiro, mas sim roupas de grife? — Louis perguntou com confusão contorcendo suas feições. Styles assentiu. — Certo. Eu arranjarei as peças que você escolher.

— Então temos um acordo.

...

Era a grande noite.

Louis encontrou Harry fumando encostado a uma árvore fora de seu condomínio. Ele vestia um terno azul marinho quadriculado com botões brancos adornando o paletó ‒ cortesia de Tomlinson e da Gucci. Era um artigo de roupa que não combinaria com muitas pessoas, porém ele parecia uma estrela do rock a caminho de uma premiação com o cabelo ligeiramente bagunçado e uma marca roxa no pescoço.

— Aonde você conseguiu isso? — Louis apontou, tirando as chaves do bolso da calça social preta e usando-as para abrir seu Audi S8.

— Festa da faculdade. — Ele sorriu lateralmente. Apagou o cigarro na sola do sapato e jogou-o na lixeira que ficava junto ao meio fio. — Aliás, boa noite, namorado.

Tomlinson revirou os olhos.

— Eu espero que você tenha lido o meu e-mail com as informações sobre mim. Não podemos passar vergonha. — Caminhou até a porta do passageiro, abrindo-a e indicando que ele entrasse.

— Hm, você é um cavalheiro. — Harry se sentou no banco, o olhou de baixo para cima e umedeceu os lábios. —Porra, nós vamos ser o casal mais gostoso da festinha da sua avó. — Louis corou, arrancando um riso dele. — Eu li, sim. E você? Leu o meu?

Fechando a porta e entrando do lado do motorista, Tomlinson deu partida no carro.

— Você dá aula de italiano em algumas companhias. Além de estudar e irritar os outros, claro. — Ele afirmou, mascando o seu chiclete de menta com mais agressividade do que pretendia.

— Você fala francês, certo? Por causa da família da sua mãe? — Harry perguntou enquanto mexia no rádio a procura de uma música que o agradasse.

— Sim. — Louis murmurou distraidamente. — É a minha segunda língua.

— Diga algo para mim.

Tomlinson sorriu e disse suavemente:

— Va te faire foutre.

— Uau. — Harry soprou. — Isso foi incrivelmente sexy. O que significa?

— Significa "vá se foder".

— Só se você for comigo e me xingar em francês.

— É esse o seu fetiche? — Louis arqueou uma sobrancelha, parando no semáforo vermelho. — Ser xingado em francês?

— É um de muitos.

— Meu Deus, Harry. — Ele balançou a cabeça para os lados, apertando o volante com mais força. — Você é muito... muito... argh.

Styles sorriu.

— Posso te apresentar um dado?

— Um o quê? — Louis precisava de algo alcoólico. Tipo, de verdade.

— Um dado. — Harry se recostou melhor contra o banco. — Homens novos raramente sobrevivem à ataques do coração, então tente evitar ter um a cada coisa que eu falo.

— Por que você não, sei lá, economiza a saliva para a festa? Minha família irá te encher de perguntas.

— Eu sou uma pessoa altamente sociável, Louis. Posso falar agora e depois.

Tomlinson torceu o nariz.

— Meu Deus, o Diabo deve estar incrivelmente satisfeito por ter criado a máquina de tortura que é você. — Suspirou, observando o relógio no painel. Ironicamente eram dois homens britânicos atrasados.

— Se você fosse menos nervoso, poderia te deixar incrivelmente satisfeito também.

Louis grunhiu.

— Cala a boca, Harry.

Faux (l.s)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora