Capítulo 1 - Alex

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Hoje é sem dúvida um dos piores dias da minha vida, além de chegar quase meia hora atrasado para a aula de inglês que ensino em um instituto privado no centro do rio ainda chego em casa e tenho um bilhete da minha noiva a dizer:

"Alex, você nunca me deu valor e eu finalmente me cansei de esperar por bocados do seu carinho, tem 24 horas para mudar as suas coisas ou vou mandar entregarem tudo para você no instituto, não me procure mais, respeite a minha escolha como eu sempre respeitei as suas."

Eu não faço ideia de onde veio isto, sempre fui um bom noivo, nunca me esqueci de um aniversário, sempre a deixei escolher os filmes quando íamos ao cinema, quando fizemos três anos de namoro ela disse-me que estava na altura de darmos o próximo passo e nem uma semana depois eu a pedi em casamento. Fiz tudo como Ana queria, achei que ela estava contente com a nossa relação até ler este bilhete. 

Sem saber o que fazer começo a arrumar as minhas roupas como se estivesse em piloto automático, sei o que tenho de fazer e continuo a fazer até não existir mais nada para arrumar. Pego no telefone e ligo para o meu irmão, Rodrigo, ele sempre sabe o que fazer.

- E ai Alex?

- Rodrigo?

- O que se passa cara? Sua voz não está boa.

- A Ana deixou-me um bilhete a dizer que eu tinha de sair do apartamento até amanhã, que não queria continuar com a relação.

- Nossa Alex, que tenso, mas não diga que você não esperava isso...

Eu fico sem saber o que dizer a Rodrigo, eu realmente não esperava isso, enquanto eu faço silencio ele continua.

- Já vi que você realmente não esperava isso, Alex, meu Deus, você deve ser cego.

O que foi que eu perdi? Pelos vistos meu irmão já esperava esta mudança, o que ele sabia que eu não sei?

- Rodrigo existe alguma coisa que eu não sei?

Ele soltou uma risada forte.

- Alex, a Ana queria casar, ela deu várias pistas a você do que ela queria, na ultima noite que saímos juntos ela não parava de falar um segundo sobre o vestido de noiva que viu em uma loja, estar noivo por dois anos e não falar sequer em marcar a data é sacanagem e você sabe. 

Eu não sei porquê mas senti necessidade de me defender.

- Ela nunca me disse isso com todas as letras, eu não posso adivinhar, eu pensei que estava tudo bem, nunca pensei que ela ia acabar o nosso relacionamento.

- Mas ela acabou, o que você vai fazer agora?

Boa pergunta, o que eu ia fazer agora?

- Acho que tenho de arranjar um hotel até conseguir um bom apartamento, sabe como é difícil achar um bom lugar ainda por cima que seja perto do meu trabalho.

- Sei o hotel certo para você, alias, aquilo é mais familiar que um hotel, tem apenas oito quartos, bastante acolhedor e fica apenas duas ruas a cima do teu trabalho.

Isso era sem dúvida uma boa noticia, parece que o meu dia acabou de melhorar.

- Isso é perfeito, me passa o número.

- Já enviei para você, espero que as coisas melhorem meu irmão.

- Eu também, eu também.

Liguei para o numero que o Rodrigo me deu, a dona do hotel se apresentou como Clarissa e disse que ia adorar ter um novo hospede, que tinha uma vaga disponível para mim agora mesmo, eu não pensei duas vezes, peguei nas minhas malas e saí do apartamento infestado de lembranças da minha não tão antiga relação.

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Quando cheguei ao hotel fui muito bem recebido, Clarissa era uma mulher bonita apesar de ser bem mais velha que eu, ela explicou como tudo funcionava, horário das refeições, limpezas do quarto, internet e visitas (caso eu quisesse levar uma visita para passar a noite tinha de avisar 24 horas antes porque ela disse que era um hotel de família e queria estar prevenida).

Quando me preparo para levar as minhas malas para quarto aparece uma mulher, bem não sei se a palavra certa é mulher, ela é bem jovem, tem uns 20 anos no máximo e eu a acho linda, ela tem uma pele que é o perfeito equilíbrio entre branca e morena, as pernas dela são longas, está a usar um salto branco que faz as pernas parecerem ainda mais longas, usa um vestido branco de verão que realça cada curva, o cabelo dela é castanho e faz-me lembrar de chocolate, olhos verdes muito expressivos se encontram com os meus, deu para notar que ela também estava a me olhar com apreciação e isso fez com que lhe desse o meu melhor sorriso.

- Esta é a Luana, a minha filha, ela tem 15 anos.

Disse a dona do hotel com uma voz de aviso, acho que ela notou os meus olhos na filha dela. Porra, como ela só tem 15 anos, ela parece jovem mas não parece ter 15 anos, fico contente por ter sido avisado ou eu podia lhe ter pedido para fazer uma visita ao meu quarto.

- Lua, ninguém me chama Luana.

Ela interrompeu os meus pensamentos, como é possível, até a voz dessa mulher era linda, mulher não, garota. 

- Muito prazer, Lua, bem vou para o meu quarto, tenho muita coisa para arrumar.

Sorri para a Clarissa e adicionei:

- Muito obrigado pela explicação sobre os horários, eu sou professor de inglês, ensino no instituto duas ruas a cima, então possivelmente venho almoçar e jantar aqui no hotel.

- Vamos ter muito gosto, se precisar de ajuda é só pedir.

Eu queria lhe dizer que ia precisar de ajuda para tirar a filha dela da minha cabeça, eu sei que ainda agora saí de um relacionamento e não devia estar a pensar em ninguém mas não me julguem, Lua é linda demais para não pensar nela mesmo que saiba que nunca a posso tocar.

- Obrigado mas acho que tenho tudo controlado.

Fui quase a correr para o meu quarto, enquanto estava a conversar com a mãe dela, Lua não tinha tirado os olhos de mim e isso me incomodava.

Deixando Lua para lá, comecei a arrumar as minhas coisas, isso ia deixar a minha cabeça ocupada por um tempo.

A história de nós doisWhere stories live. Discover now