Parte II

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💔💔💔💔💔

Naquela noite não voltei pra casa, fiquei caminhando sozinho a noite toda e remoendo a humilhação sentida.

Estava na cara que a praga da Vanessa fez um esquema com a Valentina, só para me dar uma lição. Mas, enquanto passeava pela cidade, sem um pingo de sono, fui elaborando uma pequena vingança para as duas, me divertindo muito com tudo que planejei.

Já não sentia a mesma raiva quando cheguei em casa pela manhã, com dona Joana me esperando no portão, com a maior cara de preocupação.

— Que aconteceu, Daniel? Perdeu o caminho de casa?

Minha mãe abriu os braços e eu me enterrei em seu peito, me curvando um pouco, pois tinha uns vinte centímetros a mais de altura do que ela.

Creio que dona Joana percebeu alguma coisa em meu rosto, mas não disse nada. Eu fiquei com vontade de dizer que a amava por isso, mas adolescente não fala essas bobagens, não assim tão facilmente...

— Vai descansar um pouco, meu filho.

Eu fui, mas demorei uma eternidade para conseguir dormir, enquanto ainda curtia o planejamento da minha vingança.

No fundo, até que fiquei com vontade de deixar isso pra lá, afinal, eu tinha uma família que me amava e isso já era muito importante.

Só que outra coisa rondava minha mente: aquelas duas fariam de tudo para que a escola toda soubesse do episódio do cinema, só para me ferrar legal, então eu não podia deixar quieto e elas, sem querer, me ajudariam no meu plano.

Mesmo assim, lembrei da maneira carinhosa como dona Joana me recebeu, e antes de conseguir pegar no sono, novamente imaginei se não seria uma boa parar com a ideia estúpida de vingança e não correr o risco de magoar mais ninguém.

Amo você, mamãe!

  💔 💔 💔 💔 

A segunda-feira chegou voando. Eu cheguei na escola atrasado de propósito, só para a galera achar que eu ia faltar, então entrei na segunda aula.

Fiz aquela cara de coitado que eu sabia fazer como ninguém e entrei de cabeça baixa. Ouvi algumas risadinhas enquanto eu passava, procurei a minha carteira e desabei, batendo com os livros e chamando a atenção da professora de matemática, que era uma gata.

— Daniel, atrasado novamente?

— Presente! — Eu disse sem levantar o rosto.

Quando a aula dupla terminou e o pessoal saía para o intervalo, dona Mari, como todos a chamavam, me enquadrou.

— Aguarde um pouquinho que preciso falar com você...

Ela usava um vestidinho apertado que na parte de cima espremia seus seios, fazendo-os quase saltar para fora e eu fiquei em pé, hipnotizado por aquela beleza, sem disfarçar nem um pouquinho, quando ela finalmente levantou os olhos do seu livro da matéria.

Dona Mari tentou ajeitar o decote, mas parecia impossível, pois aparentemente não cabia tudo lá dentro, e eu continuei babando.

Ela então, rendida, se levantou e me olhou nos olhos, já que era quase da minha altura.

Se eu não me engano esta professora tinha vinte e poucos anos, recém saída da faculdade, com o cabelo loiro longo e duas covinhas no rosto que eram um encanto, quando ela sorria.

Só que dona Mari não sorria agora!

— Suas notas não estão muito boas na minha matéria, Daniel.

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