Capítulo 2

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~Bip bip bip~

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~Bip bip bip~

Mas que droga era essa? Faltava muito ainda para eu acordar. Peguei o celular e quase caí da cama quando vi que eu já estava atrasada. Como eu consegui não ouvir esse alarme irritante por vinte minutos? Mistérios de Maria! Optei por pelo básico, de novo eu sei, mas o básico era minha marca registrada. Nem me dei ao trabalho de domar meus cachos castanhos hoje. Olhei para o rosto para verificar se estava ok e saí sem nem tocar no café.

Eu tinha um destino hoje, a biblioteca. Se eu fosse no segundo dia tinha grandes chances de conseguir os livros que iria precisar. Entrei no prédio e respirei aliviada por ter um tempo antes da aula. Estava feliz porque hoje não teria professor Otário, quer dizer Otávio. E não teria que ver seu sorriso incrivelmente sexy... quer dizer irônico.

A biblioteca tinha um cheiro de antigo tão bom, eu adorava estar no meio dos livros, aquilo tudo era história para mim. Eu decidi que não iria usar o computador para pesquisar as prateleiras onde meus amados livros estariam, eu quis ser que nem na época de Austen, apenas olharei um por um até achá-los. Já tinha conseguido dois e quando estava para conquistar o terceiro um mão rápida e habilidosa puxou ele antes de mim. Eu iria olhar com aquele olhar piedoso e pidão do gato do Shrek quando quem eu vi só me deu raiva.

- Bom dia Maria.

- Bom dia professor. - Raiva me dominava, ele me dominava.

- Não lembro deste livro estar na lista do primeiro período. Exatamente porque você o quer então?

- Eu costumo buscar leitura complementar professor, para estar mais preparada para as discussões em sala e as provas. - Qual era a dele? Não conseguia decifrar ele, nem seu olhar agora me parecia irônico e não tinha aquele sorriso nos lábios.

- Então você é muito estudiosa? Nerd? - Ele me olhou por inteiro, me senti nua perante seu olhar. Não era um olhar malicioso, ele estava me estudando como uma espécime. Eu era tão estranha assim?

- Sou dedicada professor. Apenas! - Demonstrei minha irritação, agora ficou claro para ele que eu o detestava. Mas não estava totalmente claro para mim o que eu sentia. Era uma mistura de raiva com aquele arzinho na barriga.

- Continue assim, mas esse livro eu preciso e você no momento não. Sinto muito. Nos vemos em minha aula. Bom dia. - Sério, ele estava bem sério, cadê seu sorriso irônico amado professor?

Ele saiu como se fosse nada, ele tirou meu precioso terceiro livro e foi embora como se fosse dele. Eu comecei a rir, era difícil de acreditar. Olhei para o relógio e sai para minha aula. Eu estava sorrindo, mas não estava achando graça, eu estava era chocada. Eu nem soube como reagir a ele. Eu deveria ter lutado por aquele livro? Eu tinha que acatar suas ações por ele ser o professor? Eu estava começando a ficar confusa. Podia jurar que ele havia achado graça de mim ontem e hoje estava tão fechado.

Sentei novamente na primeira fileira. Mas dessa vez vários fizeram o mesmo. Acredito que agora as pessoas irão focar nas aulas como se fossem para a prova da OAB amanhã. A aula passou rápido, direito constitucional era leve para mim, sempre ouvi meu pai falando da constituição em casa e da sua importância. Acho que essa aula eu poderia pular, meu pai foi meu professor através dos anos. Quando eu estava saindo da sala e passando em frente a uma porta fechada ouvi um som abafado de alguém irritado. Já disse que sou curiosa?

Encostei na porta fingindo estar apoiada, mas a verdade era que eu queria ouvir uma possível discussão. Estava convicta na minha pose encostada que nem me dei conta quando a porta abriu com tudo. Meu corpo caiu para trás e se não fosse pela pessoa que o segurou eu teria ido direto para o chão.

Eu comecei a rir, porque eu havia falhado miseravelmente nos poucos minutos de espiã que eu tinha. Quando olhei para me desculpar e agradecer eu vi aqueles olhos atrás dos óculos. Eu vi Otávio olhando seriamente para mim. Sem sorriso irônico. Sem aquele seu sorriso no olhar. Ele estava sério, eu estava rindo e estava encrencada.

- Você está machucada?

Eu continuava rindo de nervoso. Ele me puxou para dentro da sala com tudo. Fechou a porta atrás de nós, me sentou em uma das carteiras e se abaixou. Meu riso morreu na hora. Ele olhou sério e apenas disse:

- O que você quer de mim?

TORMENTAOnde histórias criam vida. Descubra agora