Capítulo 9

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Faltavam dois dias para o coquetel de lançamento do livro " Para os justos, o justo!", do Juiz Joaquim Lopez e eu sentia meu estômago queimar só de lembrar o quão pouco faltava. Tinha acabado de tatuar um cliente quando a porta  abriu  e vi os lábios de Paulina soltar um " puta que pariu" baixinho me virei e assisti nervosa aquele deus grego e arrogante entrar em toda sua glória.

- Não acreditei quando meu estagiário me deu esse endereço!
- Fala aí, irmão! Algum problema com o frenum?
- Não, cara! Está tudo ok. - Ele se virou para mim e disse - Sabe, recebi uma indicação da "melhor tatuadora de todos os tempos!" e quando vi o endereço não consegui acreditar, tive que conferir se não tem mais alguma mulher por aqui.
- Tem certeza que foi "a melhor"? Não foi "o melhor"? - Rubem disse enquanto em apontava com o queixo para Paulina.
- Ela é uma mulher!
- Ela tatua?
- Eu? Não mesmo!!! Sou só a atendente e contadora disso aqui!!
- Qual é o seu problema, cara? Se já conhecia o lugar nem precisava se dar o trabalho! - Dei de ombros.
- É, também fui advertido do seu mau humor, mas só peguei o endereço por mensagem há uns 20 minutos.
- Advertido? E quem, cara pálida, me conhece para te advertir? Acho que trato meus clientes muito bem!
- Quando não está metida brigas...
- Como é??? Que pôrra você sabe de mim? E quem é essa pessoa que... - E me lembrei de Olavo. Puta merda!!!! Ele era o chefe de Olavo!!!! O cara do frenum!!!
- O quê? Perdeu a língua?
- Não. Apenas me lembrei de algumas coisas.
- Ih, ficou mansa!
- Ahhh quer saber? Vai...
- LIZ!!!!! Apenas, pare!
- Então, faz o favor de avisar ao SEU cliente que hoje não estou para ninguém!!! Antes que eu fale mais merda do que ele pode suportar e acabe comprometendo meu garoto.
- Seu garoto? Olavo?
- Sim, Olavo! Sei que a indicação foi dele, porque mencionou algo para mim, só não sabia que era VOCÊ! Cara infernal, pôrra!
- Jamais comprometeria o trabalho do melhor estagiário que já tive em tempos, por sua causa! Mas a tatuagem, com certeza, não farei com você. - Ergui as mãos como se dissesse amém aos céus e me dirigi para a casa de Rubem e Paulina na parte de trás, anexa ao estúdio. Ainda ouvi ele comentar com Rubem - Pôrra, cara! Como você aguenta esse ser das trevas??
- Porque ela é a melhor, cara! Depois de mim, claro!

Não fiquei para saber se ele resolveu ou não fazer a tatuagem. O cara mexia comigo, mas era infernal! E ainda era o chefe de Olavo! Que merda!!!.
Fui para o Maximus e nem sequer passei em casa. Precisava beber umas cervejas! Rubem e Paulina, óbvio, desconfiaram e obviedade dupla, foram atrás!!!.
Já estava ruim para o meu lado e piorou depois de avistar Olavo, o cara que mexeu comigo e...ele!

- Puta que pariu!!!!! Será que não posso nem beber sossegada? Olha aquilo, Lina!
- Ai, Liz! Já chega de brigas!
- Tô quieta, tô na minha, só não quero que se metam com a minha paz.
- Senhor!! - Paulina revirou os olhos e eu sei que secretamente ela rezava para que Olavo não trouxesse os outros para perto. Mas sua oração falhou miseravelmente!
- Liz!
- Oi, Olaf! - Abracei Olavo carinhosamente, como sempre, e aproveitei para falar em seu ouvido " Seu puto! Tira esses dois da minha vista agora!!".  Ele me beijou na testa, me olhou nos olhos e sem emitir som se desculpou e logo se afastaram.

Pelas tantas, Rubem e Paulina deram a noite por encerrada sem meu consentimento, eu reclamei, claro! Mas assenti, porque jamais iria contraria-los e me levantei para ir ao banheiro. Estava passando pelo bar quando senti alguém me puxar.

- Me larga, pôrra!!!! - Quando me virei vi que era aquele verme que tinha me apalpado! - Inacreditável!!! Você quer um segundo round??? É isso?
- Ei! Calma, lá, Enfezadinha! Ele só quer se desculpar! - Ahh aquele ser infernal!!
- Pega suas desculpas e enfia no..
- LIZ!!! Pega leve! - Fuzilei Olavo e abri um sorriso falso para o idiota.
- Pois bem! Desculpado! Mas não atravesse mais meu caminho, ok? - Falei baixinho apertando sua mão com toda a minha força.
- Cara! Ela é mulher mesmo? Que força é essa! Entendi! Não atravessar o caminho!
- Babaca! - Dei as costas para os três e olhei por cima do ombro em tempo de ver aquele diabo em forma de deus grego sorrir - "Como era mesmo o nome dele? Bom, não importa!"

Uma cigana leu o meu destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora