Capítulo 39 - 21 de janeiro de 2019

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Sofia,a doula, tinha sugerido que Cait tentasse dormir entre as contrações, então voltaram para a cama, Sam puxou os grossos cobertores sobre eles, Caitriona deitou-se de lado, e ele abraçou-a por trás. Ela adormeceu em segundos e ele ficou acordado, olhando a neve através da janela, tentando não entrar em pânico, repassando mentalmente uma lista de coisas que achava relevante para o momento: as malas estavam no porta-malas do carro — a de Cait e a do bebê; ele tinha felizmente comprado pneus de neve, tinha cronometrado o tempo até o hospital, e tinha certeza que mesmo com mau tempo, conseguiriam chegar lá em 30 minutos.

Quase uma hora se passou até que Sofia e Ellen,a parteira, chegassem. Caitriona acordava a cada contração, mas voltava a dormir em seguida, como se seu corpo estivesse tentando se preparar para a pior parte. Sam levantou com cuidado, tentando não acordá-la e foi receber as duas.

Tão logo elas chegaram, Cait levantou e as contrações começaram a ficar mais próximas e mais demoradas. Ellen avaliou Caitriona, e Sam pareceu maravilhado ao notar que ela conseguia apenas com um toque, perceber tudo. O bebê felizmente estava encaixado, seu coração batia ritmado, a pressão arterial de Caitriona estava boa, e o parto estava evoluindo da forma esperada.

Entre as contrações eles conversaram, todos eles contaram histórias de bastidores — Sofia e Ellen eram fãs de Outlander. Sam passou café para elas, enquanto Caitriona chupava gelo e limão. Num impulso, ele pegou uma caneta e desenhou num limão uma carinha feliz com bracinhos, como se estivesse a abraçando, e entregou a ela com um sorriso brincalhão no rosto, fazendo com que as três mulheres rissem.

A partir daí, parou de monitorar o tempo. Sofia o ensinou a massagear a lombar de Caitriona, de forma que aliviasse as dores das contrações. Ela comeu chocolate, tomou muita água e o dia amanheceu cinzento, a neve já acumulada no jardim e nas janelas, em montinhos brancos.

Ela não conseguia ficar na mesma posição por muito tempo, então alternou entre sentar na bola suíça rebolando, de joelhos em quatro apoios, ou ainda abraçada à bola. Apesar do frio do lado de fora, a casa estava quente, a lareira da sala acesa, e Cait vestia apenas um top e um shorts largo, o mais confortável possível.

Eram quase 10h da manhã quando as contrações começaram a ficar com intervalos mais curtos — menos de cinco minutos entre elas, durando em média um minuto. Durante as contrações, Caitriona procurava por Sam e o abraçava forte, procurando apoio, procurando força. Ele respirava profundamente ao seu ouvido, lembrando-a de trabalhar a respiração, murmurando palavras de incentivo.

Num dos intervalos, Sam apareceu com uma bandeja com sanduíches e isotônico. Ela não tinha apetite algum, mas comeu mesmo assim, lembrando daquela história de que saco vazio não para em pé e sabendo que ainda precisaria de muita força.

Ela já não tinha mais noção nenhuma de tempo, mas as contrações continuavam no mesmo ritmo quando ela resolveu tomar outro banho. Sam a acompanhou, servindo de apoio enquanto ela deixava a água quente escorrer por sua lombar, aliviando, mesmo que por um momento, as dores. Ele a beijou durante o banho, na boca, na testa, nos ombros, nas costas. Caitriona não conseguia registrar tudo que eles diziam, mas a todo tempo, tanto Sam, quanto Sofia e Ellen falavam palavras de incentivo, de força.

Quando achou que não aguentaria mais, Sofia sugeriu que ela vocalizasse, que externasse sua dor em berros, gritos, urros, o que quer que fosse necessário para que ela conseguisse internalizar suas energias e diminuir o desconforto.

Então ela pediu que ligassem música, a playlist que ela havia preparado há alguns dias, uma mistura de The Cranberries, Sixpence None the Richer e Oasis, versões acústicas, em volume baixo. Entre as contrações, ela cantarolava junto, sentada na bola suíça.

Kiss meWhere stories live. Discover now