[CRS, Gabriel White]
Três semanas desde que havia ido ao continente se passaram.
Mas a sensação de leveza não abandonou-lhe a alma, tornando sua estadia no CRS mais suportável.
Vez ou outra pegava-se desenhando na areia, ou cantarolando baixinho, fora do tom e desafinado, alguma música que gostasse, mas de certa forma, ainda sentiu um vazio, o motivo disso era que seu aniversário se aproximava, faltando apenas algumas semanas, e junto dele seu coração apertava. Nesta data, Gabriel costumava sair com os amigos, distrair o máximo de sua mente, fazendo o que fosse preciso para não pensar nela, em sua mãe, a biológica, e em alguém mais. Mas, na ilha, não havia muito o que se fazer, não no quesito integralidade. E isso o deixava mais ansioso, não querendo pensar naquilo, mas pensando, de qualquer maneira.
Seu devaneio foi interrompido ao sentir uma mão pressionar-lhe o ombro.
— Tudo certo? — questionou Tyler.
O grupo dos garotos estava mais a frente, sem terem interrompido a corrida, na verdade nem eles, ou o instrutor, notaram que nem todos estavam acompanhando o grupo. Enquanto que Gabriel encontrava-se inexpressivo, longe; Tyler alternava o olhar para o chão e para o colega, respirando fortemente, com as mechas negras caídas sobre seus olhos, úmidas de suor.
— Ah, to sim — sorriu, sacudindo a cabeça para espantar aquilo — vamos ver quem chega primeiro? — questionou, direcionando a cabeça para o grupo dos garotos que agora estava parado, alongando-se segundo orientação de Robert.
— Que infant...
— Vai perder! — saiu em disparada, dando um tapinha no ombro do garoto, que o olhava descrente, correndo em seguida.
— Seu trapaceiro! — vociferou à Gabriel, brincalhão.
Ambos correram, com uma diferença inicial em metragem, mas Gabriel desacelerou, deixando que Tyler ficasse lado a lado, para então correrem juntos. Era muito bom não estarem mais naquele ambiente hostil que haviam criado, sentiam que, passo a passo, a relação de amizade e companheirismo era construída e edificada, tijolinho por tijolinho.
E, além da construção daquela relação, a auto-aceitação de Tyler também seguia arduamente, de poucos em poucos, se consolidando.
A pausa para o almoço foi feita, após todos terem ido lavar o rosto e as mãos, foram em direção ao refeitório. Quando Gabriel e Tyler chegaram lá, se dirigiram a mesa que usualmente sentavam, já se depararando com as garotas.
— Eca, tão tudo suados — em asco, Lola comentou.
— Vá correr a ilha toda e depois comenta — Gabriel rebateu, risonho.
— Tudo certo? — Sabrina questionou para os garotos, mas ao fim, pairou o olhar sobre Tyler, de forma subentendida, querendo questionar diretamente à ele.
— É... — Gabriel franziu o cenho, encarando o garoto ao seu lado, quando notou o olhar de Sabrina — tudo sim...
Tyler apenas confirmou com a cabeça, piscando para ela no fim, discretamente.
O almoço sucedeu-se com Lola falando besteiras, arrancando sorrisos dos demais; com Sabrina e Tyler trocando breves olhares cúmplices e sutis. Um entendendo o outro.
Após aquele intervalo terminar, todos seguiram para um canto diferente, visto que as atividades diárias eram outras durante a tarde. Enquanto Gabriel e Lola continuariam com os instrutores, cada um com seu respectivo; Tyler ficaria na horta e Sabrina na organização de um pequeno e empoeirado arquivo morto.
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Delitos (Romance Gay)
Ifjúsági irodalomDe um lado, Tyler, seus problemas em casa e sua falta de aceitação pessoal o fazem cometer o ilícito para ajudar sua família e não ser um estorvo. De outro, Gabriel, que após uma negação passou a expor sua arte da maneira que quisesse, de forma impe...
Capítulo XV - Ao Acaso
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