Recomeçar

961 59 56
                                    

"Poxa, como ela estava linda, o tempo não passou mesmo pra ela. Mudou o corte do cabelo, mas as covinhas do sorriso continua o charme dela"

Setembro, 2012.

Arizona Robbins.

Quando a vida começa a andar para frente é claro que tem algo muito errado quando absolutamente nada sai dos trilhos. Depois do meu pedido de casamento, Eliza relutou um pouco mesmo aceitando de imediato, mas foi difícil explicar que poderíamos e deveríamos dar continuidade ao que estávamos construindo e vivendo juntas.

As meninas se encontravam em completo êxtase com todas as noticias. Inclusive com uma possível troca de moradia, pois havia conversado com as minhas filhas que talvez nos mudássemos para perto dos avós logo após explicar que iriamos nos casar.

Tudo era novidade para as crianças e como uma boa novidade elas estavam maravilhadas, porém eu estava enganada em relação a uma pessoa. Eliza Minnick. A minha noiva não estava feliz e a confirmação veio quando voltei de uma apresentação de um projeto na empresa em que trabalhava e encontrei Sofia aos prantos no colo da irmã.

A princípio não entendi o que estava acontecendo, minha primeira ação foi pegar a menor no colo e tentar acalmá-la. Letícia olhava-me assustada, quando perguntei o que tinha acontecido e onde estava a sua tia a vi sair correndo para seu quarto deixando-me sem respostas.

--- Tia Mimi.. - Sofia repetia sem parar em completo desespero nos meus braços e eu a ninava tentando tranquilizá-la. --- Foi bora, mamãe. Tia Mimi.

--- Oh, meu amor.. a mamãe está aqui, filha. - Apertava-a contra meu corpo para sentir-se segura. --- Para de chorar, por favor. - Pedia segurando minhas lágrimas, estava completamente perdida. --- A mamãe está aqui, eu estou aqui anjinho.

--- Tia Mimi, mamãe. - Falou escondendo o rosto em meu pescoço. --- Quero ela. - Soluçava.

Fui de dar amor a Eliza, não nego. Nem precisaria negar. Então a princípio entendi que ela havia saído e deixado minhas filhas, uma criança com três anos e de dez, em uma casa sem a orientação de nenhum adulto. Naquele momento me doeu um pouco o vácuo que existiu entre o tanto que me doei e o pouco que recebi, pois não esperava nada da Minick em relação a mim e sim apenas um cuidado com as crianças em consideração a tudo que fiz e tentei fazer por nós.

Eu estava lá a frente na corrida de quem se entregava mais ao que chamávamos de família e ela estava no começo da linha de partida, se é que tinha se despertado para ir atrás de mim. Não consigo nem explicar o turbilhão que havia dentro de meu ser com aquela situação. Só sei que me doeu enquanto eu descascava uma fruta para dar a Sofia e pensava que talvez ela tivesse sido só mais uma, que o desejo de uma construção familiar ao seu lado era uma utópia.

Não que eu achasse ser sua obrigação ter os mesmos sonhos que existiam dentro de mim, mas ela foi a selecionada para algo muito especial e simplesmente no fim deixou-me sem dizer um adeus digno. É só que eu estava ali, tão entregue, e ela tão longe, com medo. Naquele momento senti - mais ou menos - na pele o que Calliope passou com minha ida para Nova York.

--- Venha, bebê. - Peguei Sofia do cadeirão e fui em direção ao quarto de Letícia.

Minha intenção era tentar conversar com ela para entender o que aconteceu, sabia que provavelmente a encontraria chorando e me preparava mentalmente para consolá-la independente do que fosse dito. Quando parei em frente a sua porta bati antes de entrar, Let estava deitada na cama agarrada a um sapo tamanho médio do qual não se separava.

Sentei-me na ponta de seu colchão com Sof no colo comendo a frutinha, passei a mão na perna da maior dando uma profunda respirada antes de fazer qualquer indagação e a vi me olhar com os olhos vermelhos e inchados. Meu coração partiu em mil pedaços em vê-la daquela forma.

Charter Of Our Love (Calzona)Where stories live. Discover now