Primeira Parte

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We made a start, be it a false one, I know. Baby I, don't want to feel alone.


Dizem que quando o fim se aproxima, nós pensamos no início...

E isso não foi diferente comigo.

Ver que dezessete anos da sua vida se transformaram em nada, é simplesmente arrasador. Ver que não há nada que possa ser feito, nada que possa ser mudado, alterado; se ver de mãos atadas, enquanto toda a sua vida é posta de cabeça para baixo, é devastador.

O barulho da porta se fechando e as rodas de uma mala tocando o chão me despertaram de meus devaneios e me arrastaram para a realidade, mas eu não conseguia encarar. Desviei o olhar, lembrando de nossos momentos juntos, toda a nossa felicidade há pouco esquecida, nossos beijos, nossos toques... Que seriam apenas lembranças para mim a partir de agora. Lembranças dos momentos mais felizes, mais plenos, mais completos de toda a minha vida. Todos transformados em nada. Um choro contido me fez olhar para cima, onde duas pessoas olhavam a cena com as expressões demonstrando um pouco de cada sentimento que era comum a qualquer pessoa naquele cômodo: tristeza, confusão, frustração, mágoa... Meus filhos, o que resumia minha família agora, encaravam tudo aquilo juntos. Arthur abraçava Nina de forma protetora, acolhedora, enquanto me olhava demonstrando que queria que eu estivesse naquele abraço também.

Num dado momento, cometi o erro de olhar para frente, olhando diretamente para quem eu evitei durante todo esse tempo. Ele me fitava de forma quase invasiva e eu olhava de volta, buscando em seus olhos, seus belos olhos, que tudo não passava de um erro, que seria apenas um sonho ruim, que eu acordaria a qualquer momento. Mas algo nele me arrastou novamente para a realidade. Tudo o que eu sempre sentia quando mirava seus olhos não existia mais. Todo o amor que um dia ali existiu se fora. Hesitante, ele apoiou-se na maçaneta, talvez buscando forças para deixar toda uma vida para trás, ou apenas eu. Com um suspiro pesado ele abriu a porta e se foi.

Também dizem que todo fim é um recomeço... E é nisso que eu estou me apoiando.


Algumas semanas antes

Muita coisa mudou nesses últimos dezessete anos.

Bem, eu envelheci, assim como todos a minha volta, eu sei. Mas quando você para pra pensar e vê que está à beira dos quarenta anos, percebe que a situação chegou num ponto importante, digamos que quase crítico. Não que eu tenha que me preocupar com isso no momento, afinal eu ainda tenho trinta e quatro e... É, isso não ajuda muito. Enfim, meu filho mais velho, Arthur, está com dezessete anos e é a cara do pai, como sempre foi, mas é incrível como a cada dia, cada ano, ele perde mais características minhas e ganha mais do pai. É como se ele fosse uma "pequena" miniatura do Mark. Pequena entre aspas, porque o menino já está do tamanho do pai e provavelmente ficará mais alto. Ele é do time de futebol americano na escola, o quarterback do time, e namora uma das líderes de torcida, a Ally. Não vejo como a vida dele possa parecer mais como a de um adolescente de filme americano. Ele está se preparando para tentar uma bolsa de estudos numa boa faculdade, mesmo não sabendo ainda o que fará. Já Nina, minha caçula, está com dez anos e é uma CDF, a melhor aluna da turma. Quando não está estudando, está agarrada com um livro, nadando – sim, ela faz natação desde novinha, compete em torneios e tudo – ou dançando balé. Eu deixei uma prateleira na sala separada para colocar as medalhas e troféus dos meus filhos talentosos. Vocês podem me chamar de mãe coruja, eu não ligo e até assumo. Meu marido, Mark, está com trinta e cinco anos, tem um alto cargo na empresa do pai e praticamente vive para esse trabalho. Não que seja por vontade própria, mas é realmente necessário, é como se tudo dependesse dele, da presença ou das decisões dele. Nós estamos casados há dezessete anos e tudo se deu devido a um pequeno grande deslize no passado.

Since We're EighteenDonde viven las historias. Descúbrelo ahora