Corações De Aço

Capítulo 2

As vezes é bom dizemos o que sentimos, porém isso não é uma ciosa fácil. Principalmente quando isso envolve pessoas que amamos. É imprevisível e totalmente fora de controle, existe sentimentos que são impossíveis de serem expressados com palavras, são inacessíveis

As pessoas entram em nossas vidas sem nenhum aviso, chegam e vão entrando, nos conquistam de forma impercebivel e quando agente nota, não conseguimos viver sem elas. São como as folhas secas que um dia vem e no outro vão. Partem levando um pedaço. Partem sem data de volta, mas o vazio que deixam, nos mostram que a vida não faz sentido se o que faz o nosso coração acelerar foi atrás de outro e não vai mais voltar.

Hoje olho pra uma dessas pessoas. Ela significa tanto pra mim. Segurou forte minha mão quando eu já tinha me entregado a queda.

Depois do toque de recolher ele sempre vinha no nosso dormitório, apesar de ser proibido. Uma vez me levou até um terreno abandonado, que ficava a três quadras daqui. Havia um espaço aberto onde alguns garotos jogavam futebol. Observavamos de longe a euforia que tomava os corpos em processo de movimento. Seus olhos brilhavam quando a bola era passada pro jogador a frente. A frustração fazia com que soltasse palavrões quando o time, que estavam com uma camisa para se se identificarem, perdiam a bola ou davam mancada. Parecia até que era ele quem estava jogando.

Podia sentir o peso da sua respiração quando o carinha de bone laranja, anunciava o final do primeiro tempo. O time em questão estava perdendo feio.

_Sabe o que eu mais queria?

Olhei bem fundo nos seu olhos e ignorei a bagunça que o outro time comemorava a vitoria supostamente ganha.

_ O que ?

_Ter um dia assim. Apenas um dia, sem ter que medo, apenas algumas horas para ser uma pessoa normal, que reclama da tarefa difícil ou ter que ficar em casa cuidados dos meus irmãos que não sabem fazer nada, alem de chorar e tirar meleca do nariz. Ser como eles.

Acabei com a distância entre nos e e lhe dei um beijo no rosto. Seu abraço me inundou e me imaginei em outro lugar. Dói muito quando uma pessoa que você ama sonha com algo que você não pode ir em algum armazém e comprar e lhe dar em uma caixinha colorida com um laco vermelho em cima.

_ As coisas vão mudar. Eu prometo.

Eu podia ouvir o seu suspiro. A possibilidade de se tornar verdade são mínimas. Como uma em um milhão. Mas era o que nos mantinham de pé, o mundo não girava ao nosso favor e pensar o contrário só pioraria ainda mais.

E ter que encarar isso é claustrofóbico. E extremamente necessário.

_Acho que precisamos conversar.

_Se você acha. 

Retiro seus braços de cima de mim e me afasto. Pode falar o que quiser, mas isso não vai mudar o que fez.

_Não fica assim. Eu só ia te contar quando tivesse certeza de que estava fazendo a escolha certa.

Continuo em silêncio, apesar de escuta-lo minha mente está longe. E prossegue.

_Meu pai me mandou uma carta. Ele quer que eu volte com ele hoje.

_Ué, ele não te detestava? Até te deixou nesse maldito lugar, não vai me dizer que está arrependido.

_Não, ele não está. Acho que precisa de mim pra algo, só não sei pra quê.

_ E você vai com ele?

Bufo de raiva quando permanece em silêncio. Sinceramente eu não entendo as pessoas, como pode ser tão ingênuo.

_ Você lerdo ou que? O cara te maltrata, te tortura, te abandona nesse inferno e depois volta como se nada tivesse acontecido. E você vai com ele. Falo já sem paciência.