- Não diga como se eu fosse o vilão da história, se não tivesse gostado teria dado um jeito de me afastar – ele riu, vitorioso, cruzando os braços e exibindo uma pequena cicatriz circular onde eu o havia machucado. Sem um pingo de pena, revirei os olhos e comecei a copiar a última questão, doida pra sair dali e quem sabe encontrar o sr. Styles na saída. 

- Eu não vou discutir um absurdo desses – retruquei, possessa – Se o senhor prefere achar que me ganhou com aquele abuso, não vou destruir seus sonhos. 

- Quem tá sonhando aqui é você, garota – ele falou, parecendo ainda mais bravo (o que só me deixou mais satisfeita) – Se tá achando que eu vou ficar correndo atrás de você, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Eu já consegui o que queria, agora é só te jogar fora e investir em outra. 

Terminei de escrever a última palavra do relatório quando ele acabou de falar, e ergui meu olhar da folha pra ele. Com a frase perfeita pronta e na ponta da língua, apenas guardei minhas coisas e fui até ele, parando bem à sua frente. Sem mudar de expressão, ele me encarava avidamente, com um misto de raiva e algo mais brilhando em seus olhos. Dei mais um passo a frente, ficando perigosamente perto dele, e quando faltava apenas um centímetro pra que nossos lábios se encostassem, percebi que seus olhos não o obedeciam mais e fitavam meus lábios com um desejo imenso. 

- Ótimo – sussurrei, sorrindo perversamente – Me jogar fora e investir em outra é um favor que você me faz. 

O olhar confuso do professor Horan se ergueu até encontrar o meu, e sem dizer mais nada, me afastei dele e saí do laboratório, ainda mais feliz do que tinha entrado. 

- Por que você demorou tanto pra sair da escola ontem? – Eleanor perguntou, batendo o pé junto com a bateria da música enquanto ouvíamos música no volume máximo do meu iPod. 

- Cheguei atrasada na aula do Horan e não consegui terminar de copiar o relatório antes do sinal tocar – respondi, disfarçando um sorriso maligno – Você sabe que eu tenho problemas pra decifrar a caligrafia dos professores. 

Estávamos sentadas no chão do pátio do colégio, de frente pra porta por onde entraríamos logo e começaríamos mais um dia de aula. Faltavam apenas dez minutos pra que o sinal tocasse e as portas das classes fossem abertas, mas ainda assim a escola estava praticamente deserta. 

Olhei na direção da rua, refletindo sobre o dia anterior enquanto Eleanor falava alguma coisa sobre a prova de química. Como duas pessoas podiam influenciar tanto meu humor de formas tão diferentes? Primeiro o sr. Styles, todo carinhoso, perfeito e maravilhoso. Depois, o sr. Horan, totalmente idiota, ridículo e frouxo. E o mais curioso de tudo, eles eram amigos! Essa vai pra minha lista de mistérios da humanidade que eu adoraria desvendar. 

Enquanto observava os poucos carros que passavam em frente à escola, um suéter verde musgo ambulante chamou minha atenção. Ergui meu olhar na direção do rosto da pessoa que caminhava escola adentro, e me deparei com um par de olhos verdes me olhando. Sorri de leve, doida pra agarrá-lo ali mesmo como sempre. Aquela blusa verde era um clássico no guarda-roupa dele, todas as vezes que eu o via usando aquele suéter, era tentação na certa. Deus, eu realmente amava cada detalhe naquele homem. 

- Bom dia, meninas – o sr. Styles sorriu ao passar por nós, carregando mil pastas cheias de papéis e uma mochila que provavelmente continha mais pastas iguais às outras. Tenho certeza de que Eleanor não notou nada de especial naquele sorriso, mas eu o vi de um jeito totalmente diferente. 

- Bom dia, professor – respondemos, em uníssono, o que só fez aquele sorriso aumentar. O sr. Styles continuou a andar normalmente em direção à sala dos professores, e eu o segui com o olhar disfarçadamente. Oi, como você consegue ser tão gostoso aos 30 anos de idade? Não posso esquecer de perguntar isso a ele um dia. 

Biology.Where stories live. Discover now