Eu a via na escola e o ar chegava a faltar.
Eu ia toda acabada pra aula e ela, mesmo sem esforço nenhum, era a pessoa mais linda daquele colégio. Seus lábios são naturalmente rosados, vermelhos e seria quase impossível desviar meus olhos de sua boca nas vezes que conversávamos se seus olhos não fossem como imãs para os meus. São negros, tanto que quase não dá pra diferenciar a pupila. Ela não é nada vaidosa e mesmo assim, parece que cada parte dela foi esculpida por um anjo. Ela sorri pouco, mas sorriria mais se soubesse que seu sorriso alinhado é minha paz no meio do caos interno. Eu nunca havia conhecido ninguém tão... ela.
Ela é perfeita usando meu moletom surrado depois de assistirmos um filme romântico e ela me dizer o quanto acha patético tudo aquilo. Ela acha romance tão patético. E eu sou a pessoa mais romântica do mundo e mesmo assim ela me escolheu.
Ela me faz ter vontade de cuidar de alguém além de mim, mesmo quando tudo o que eu queria era sumir, ela me faz ter vontade de viver, por ela. Ela diz que quando eu desistir dela, é porque não tem mais jeito mesmo, mas ela mal sabe que, se eu desistir dela, não sobra nada pra mim.
Desde sempre eu soube que ela seria diferente, desde a nossa primeira conversa eu sabia que corria um imenso risco de me apaixonar por ela. Porque é difícil não se apaixonar por uma pessoa tão linda quanto ela é.
Ela faz meu castelo de cartas aguentar todas as ventanias do mundo, por ela.
Eu vi em seu sorriso uma chance. Eu já havia desistido há tanto tempo de mim e ela apareceu, iluminada, depois da aula de educação física, suada, ofegante e, mesmo assim, linda. E eu acho que a amei desde ali. Quando eu nem sabia seu nome ainda.
Eu não sei se o mundo é bom, mas ele ficou melhor quando ela chegou.
Minha melhor escolha foi ter ido até ela naquele dia. Foi muito inteligente da minha parte.
