Entre risos e suspiros desliguei e fui almoçar. Não estando com tanto ânimo para ir mais distante fui com a Aline na lanchonete ao lado do prédio onde fica situado meu escritório.

Após uma tarde inteira de muito trabalho alguns projetos entregues outros em andamento, finalmente encerramos o dia de trabalho.

Chegando ao meu apartamento me jogo no sofá e o episódio da noite anterior surge em minha mente. O beijo devastador do Leonardo. A humilhação por ser chamada de puta na frente de seus amigos. O beijo novamente, nossa que beijo, que boca faminta, deliciosa... O toque de meu celular me tira de meus devaneios. Olhando o visor vejo o nome do doutor Walter piscando na tela. Resolvi atender, sabendo que já adiei demais esta conversa.

- Alô!

- Boa noite Paloma, pensei que tínhamos uma reunião de trabalho hoje aqui em Brotas, me corrija se estou enganado.

- Me desculpe doutor Walter eu precisei voltar ao Rio com certa urgência, não tive como adiar mais.

Eu precisava inventar uma mentira, nunca fui boa em criar mentiras, porém excelente em atraí-las.

- Nós precisamos conversar sobre a herança de sua avó, eu entendo que você tenha sua vida seu trabalho aí, mas você não poderá fugir desse assunto para sempre. – E lá vem esse assunto de novo.

- Eu sei doutor...

- Walter, apenas Walter, por favor.

-Ok, Walter eu compreendo que preciso resolver, mas preciso terminar uns projetos que estão em andamento, e lhe garanto uma posição até o próximo fim de semana.

- Perfeito Paloma eu tocarei as coisas por aqui enquanto você se decide, conto com a ajuda de meu sobrinho para isso, pois não poderei deixar meus outros clientes abandonados.

- Muito justo Walter, boa noite.

- Boa noite Paloma.

Quando desligamos já escutava a campainha tocando aos berros a sem noção da minha amiga certamente. A Caroline sempre foi uma amiga fiel e companheira, mas o que tem de folgada...

-Vamos desembucha, quem é que fez me comprar sorvete e chocolate numa segunda feira? E nem me diga que não tem homem no lance por que estará insultando minha inteligência.

A louca nem me cumprimenta e logo me enche com uma enxurrada de perguntas. Mas conhecendo minha amiga como a conheço, ela não irá desistir enquanto eu não falar.

Com o pote de sorvete entre nós duas, começo lhe contar tudo. Como era de esperar a louca surta soltando um grito me assustando no processo.

- Porra, amiga eu sabia que tinha homem no meio. Ele é gostoso?

Revirando os olhos para ela eu a repreendo.

- Carol você vai me deixar terminar?

Ela faz um gesto com as mãos sobre a boca imitando um zíper sobre a mesma fechando-a.

Quando acabei de detalhar todos os acontecimentos minha amiga estava esquisita me olhando de forma aturdida, e do nada a louca dispara em uma gargalhada descontrolada.

- Qual a graça disso tudo Caroline?

Ela simplesmente não consegue se controlar, está rindo como a louca que é.

- Caroline se você veio aqui para ri de mim também, por favor...

- Calma amiga, não estou rindo de você e sim, mas vê bem você vai velar sua avó e conhece esse cara e do nada estão se pegando em praça pública, fala sério nem eu que sou a 'louca'.

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