Capítulo XIII - Tentativas

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Após Gabriel relatar tudo, o médico pegou em mãos um estetoscópio, aparelho usado para ouvir melhor, colocou no ouvido e levou a haste até a parte metálica encostar na pele de Tyler, auscultando um ruído proveniente de seus pulmões, indicando ainda mais o que os sinais aparentavam: uma possível pneumonia; mas, como citado anteriormente, havia desidratação, o que só intensificou os sintomas e a situação do garoto. E assim, como Gabriel havia pensando, não podia ser apenas um resfriado, e de fato não era.

Para ter certeza se realmente era a patologia que o médico dizia ser, seria necessário a realização de um exame de raio-x, mas como a ilha não dispunha de tal equipamento, ele apenas seguiu com um soro contendo antibióticos.

Agora, Tyler, em uma maca acolchoada, mantinha-se deitado, com o medicamento sendo administrado em suas veias; o soro ajudaria na hidratação enquanto o antibiótico nele presente na aparente pneumonia. O cansaço doentio apossou-lhe o corpo, deixando-o finalmente descansar, dormindo de forma quase imóvel.

— Você não precisa ficar aqui, garoto — notificou o médico, olhando por cima dos óculos para Gabriel — se continuar com essas roupas molhadas vai acabar como ele — direcionou seu dedo indicador a Tyler.

— Argh, mas aí ele vai ficar aqui sozinho, você vai dormir, não?

— Olha, garoto, eu adoraria poder dormir, mas no momento ele — voltou a direcionar o indicador à Tyler — é minha responsabilidade.

— Entendi...vou no quarto trocar de roupa então — levou ambas as mãos à barra de sua camiseta, analisando-a — e trazer roupa seca pra ele, também — empinou o queixo na direção de seu colega de quarto — posso ir e voltar?

— Só dessa vez — pontuou, endireitando o óculos e virando as costas ao garoto — digamos que seja uma exceção...

Gabriel voltou vagarosamente até o dormitório, bocejando três vezes até chegar lá, deixou então suas roupas molhadas ao canto, pegando outras, vestindo-as rapidamente. Procurou uma troca de roupas para Tyler, sentindo-se desconfortável ao ter de mexer em suas coisas, mais precisamente em suas cuecas.

Voltou então à enfermaria, sem preocupar-se com os seguranças que encontrou no caminho, pois os deixou à par de sua situação, pedindo que caso não acreditassem era só irem falar com o médico. Não teve maiores problemas, no fim.

Ao chegar lá, Tyler estava com uma manta sobre o corpo, sem toda aquela roupa molhada, Gabriel o analisou, cogitando ajudá-lo a se vestir ou não, e, parecendo entender o que aquele olhar alternado das roupas em suas mãos ao garoto deitado significava, o médico interveio:

— Você não vai conseguir colocar roupa nele agora, ele tá com o acesso na veia, vai ter que esperar acabar, pode deixar que eu faço isso depois — apontou com o indicador uma pequena cômoda que havia ali — pode deixar as roupas ali.

— Ok... e como vão ficar as atividades durante o dia de hoje? — questionou, já passavam da meia noite de segunda, logo, já era considerado terça-feira.

— Ele vai ser dispensado por quatro dias, ou mais, caso precise, já você, darei dispensa valendo por hoje, pela ajuda que deu ao seu colega.

Após carimbar e assinar alguns folhetins, entregou duas folhas pequenas para Gabriel, que as pegou em mãos, analisando-as.

— Leve isso para o responsável pelas atividades de hoje, pela manhã, e estará tudo certo.

— Obrigado...

Gabriel deu uma última olhada em Tyler, que ressoava uma baixa respiração, voltando, sutil e progressivamente, a ter os lábios corados. Assentiu com a cabeça para o homem, deixando o local.

Delitos (Romance Gay)Where stories live. Discover now