Capítulo Único

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A luz da lua sobre a pele de Simon Snow o deixava completamente beijável.

A claridade batendo em sua pele ligeiramente bronzeada e em seus emaranhados cabelos cor de ouro o tornava terrivelmente deslumbrante.

Não que isso fosse, de fato, algo bom. Por Crowley, não era mesmo.

Dividir um quarto com Snow vinha se tornando a mais ridícula das torturas. Mesmo sendo extremamente irritante de vários modos diferentes, o que ajudava e muito, a vontade de beijá-lo profundamente parecia não ir embora e sim, crescer cada vez mais.

Eu nunca quis odiar Simon Snow tanto quanto quero agora.

Levanto da minha cama com a minha sede dando sinais de vida, e me lembro do maldito motivo de ter acordado às 3 horas da madrugada.

Frustrado comigo mesmo por ter perdido tanto tempo com Snow enquanto poderia estar planejando de algum jeito seu fim, como eu originalmente deveria fazer, ou simplesmente cravando minhas presas em algum rato, saio rapidamente do dormitório.

Por Crowley. Preciso manter a porra do controle da situação.

Faço o caminho da torre dos mimicos até as catacumbas facilmente.

A escuridão me deixa praticamente invisível, e com esse pensamento chego na capela mais rapido do que imaginei.

É depois do terceiro rato que eu percebo que algo está errado. Sinto meu corpo inteiro queimando e por algum motivo faço o caminho de volta para o dormitório sem pensar nas consequências.

Com uma risada forçada e um tanto dolorida, lembro quando disse que a trajetória era fácil.

Cacete.

Soltando um grunhido diferente a cada degral, chego no quarto e abro a porta um pouco antes de minhas pernas simplesmente desmoronarem num baque exagerado e barulhento.

Mérito do piso de madeira de, provavelmente, 300 anos. Você me ajudou muito em não chamar atenção com esse seu barulho.

- Mas que porra ta acontecendo? - me pergunto pelo que parece ser a centésima vez só essa noite.

Snow neste ponto já está de pé, e digo "de pé", pois não tenho certeza se posso chamar aquilo de "estar acordado".

Relutantemente ele vem em minha direção e o meu instinto é de mandá-lo para longe, mas quando tento falar algo tudo o que sai da minha boca é outro maldito grunhido.

-Baz?...- ele diz alarmado.

Provavelmente acha que tudo isso é um plano de distração para que eu possa atacá-lo depois.

Snow tem dessas, não importa o que eu faça, para ele eu sempre estarei "tramando".

Mas admito que essa não seria uma má idéia.

-Porra Snow, para de me olhar como se eu fosse uma maldita quimera e me ajuda.

Sua expressão muda para surpresa de imediato, talvez não imaginasse que eu pediria ajuda. Honestamente, nem eu.

-Ok, ok. O que... o que está acontecendo? Por Merlin, o que eu faço?

É difícil não revirar os olhos.

-Não sei, Snow. Só faça alguma coisa. -Digo com mais dificuldade quando sinto aquela sensação aumentar.

Ele começa a olhar para todos os cantos do quarto procurando o que parece ser alguma idéia de como não me deixar morrer

Aprecio a consideração, Snow.

Por mais provável que só esteja fazendo isso para não ter que se explicar para o mago sobre o motivo do seu colega de quarto estar estirado no chão sem vida.

Poison MeOnde histórias criam vida. Descubra agora