Capítulo 29 - Meu coração, meu lar

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Tive que subir uma pequena colina, até o local que havíamos escolhido para a cerimônia. Papai me esperava no topo, todo empertigado no paletó grande demais, os olhos brilhando ao ver-me, enquanto mamãe me ajudava com a cauda do vestido.

Eu nunca quis um vestido de noiva de verdade, com rendas e pedrarias, armações e saias bufantes, e a busca por algo de meu gosto, mesmo entre os melhores estilistas, tinha sido infrutífera, até o dia em que bati os olhos naquele vestido. Foi amor à primeira vista. Era simples, básico e lindo, e nada, nada usual – até porque, não era um vestido de noiva realmente. Era branco, com um decote profundo em v, alças finas que levavam as costas expostas, assim como os braços e ombros. Logo acima da barriga proeminente, havia um faixa fina de seda cor-de-rosa que marcava minha cintura. A saia se abria até o chão, com uma pequena cauda. Sobre o branco, e por todo o vestido, haviam centenas de pequenas flores cor-de-rosa, e arabescos num verde profundo.

Era como se fosse a própria imagem da primavera, numa tarde de outono. Sem véu ou grinalda, os cabelos presos num coque, adornados pelas flores que combinavam com o vestido. O buquê era composto por rosas e peônias brancas, algumas folhas de eucalipto. A maquiagem era leve, e as jóias eram apenas a gargantilha que ganhara de Sam, um par de pequenos brincos incrustados com brilhantes que cintilavam ao sol de fim de tarde, e o anel com o enorme diamante rosado que repousava em meu dedo anelar esquerdo desde o pedido.

Meu pai ofereceu o braço, beijando minha a testa enquanto me conduzia. A escolha do local era perfeita: o gramado se estendia até uma faixa de arbustos de cerca de meio metro, que separava o jardim da praia, o mar rugindo ao fundo, em toda sua beleza azul. Cerca de 30 cadeiras de madeira escura estavam ocupadas por nossos familiares e amigos mais próximos, faixas de voal branco ondulando sobre os encostos. O altar era composto por um grande arco de flores brancas e rosas, trançados com folhagens muito verdes, e o caminho até ele, marcado por pétalas de rosas brancas, que se agitavam com a brisa do mar.

Todos se levantaram, os olhares fixos em mim, alguns arquejando em surpresa, enquanto eu avançava lentamente, o piano e violinos ecoando a música que eu escolhera a dedo para esse momento, mas eu não ouvia nada, eu não via mais ninguém, naquele momento, eu só tinha olhos para ele, e ele só para mim.

Sam vestia um conjunto de calças e paletó azul-claros, bem ajustados, revelando as formas de seu corpo torneado. A camisa era branca e o último botão estava aberto, deixando suas clavículas à mostra. Os cabelos se agitavam com o vento, e os olhos azuis refletiam a cor do mar às suas costas. Um sorriso enorme ocupava sua face.

Venci o trecho que nos separava, e meu pai entregou minha mão para Sam, os dois deram um abraço desajeitado. Percebi que meu pai sussurrou algo em seu ouvido. Sam roçou os lábios em minha bochecha direita, de forma terna enquanto me conduzia o resto do caminho até o altar, onde um juiz de paz aguardava.

– Você é a mulher mais linda que esses olhos já viram – ele sussurrou em meu ouvido. O juiz de paz deu início à cerimônia.

Antes que eu me desse em conta, Sam estava de frente para mim, os olhos colados nos meus, minhas mãos nas dele, naquela bolha de felicidade, pronto para pronunciar seus votos.

– Caitriona, eu te amo, – ele começou, um sorriso tão grande em seus lábios, a sinceridade em seu olhar fervoroso – não só por quem você é mas por quem eu sou quando estou com você. Eu te amo, não só pela pessoa que você se tornou, mas pelo homem que está me ajudando a ser. Eu te amo por fazer aflorar o meu lado mais bonito. Eu te amo por ter feito mais do que qualquer um poderia ter feito para que eu fosse feliz, mais do que qualquer destino. Você fez isso, sem um toque, sem uma palavra, sem um sinal. Apenas sendo você mesma e me amando. Por isso eu te amo mais do que a mim mesmo, Caitriona e prometo aqui, te amar e te proteger, por toda a minha vida, assim como a nosso filho – ele levou nossas mãos em concha sobre minha barriga.

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