-30- Will

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– Amber você sabe nadar. Você tem alguma lembrança disso? – Amber se inclinou até chegar aborda da piscina, com os braços na borda se segurando, mantendo o corpo dentro da água submerso.

– Eu não lembro. As vezes imagino coisas, mas não sei se são lembranças. – eu fiquei sentado em sua frente e ela parecia ter algo a esconder ou era vergonha de olhar para mim sem camisa.

– Acho melhor irmos, amanhã você tem aula cedo... – ela ergueu o braço como se pedisse mais um momento, então mergulhou, deu braçadas e nado borboleta.

Será que ela tinha consciência do quanto parecia natural na piscina?

Ela estava feliz e eu que lhe proporcionei isso, o que dava uma sensação incrível de satisfação.

– Ei peixinho, vamos! – Amber saiu da água, ela estava usando um lingerie laranja, mas eu tive a decência de não parecer estar observando, seu cabelo colado no rosto e saia vapor da sua pele, como pequenos pontos de espectros que pairavam no ar tempo suficiente para serem vistos então desaparecer. Ela foi até nossa pilha de roupas e começou a se vestir tremendo com o frio de deixar a água da piscina quente. A vi alisar os braços e mexer os joelhos para frente e para trás, numa tentativa de se manter aquecida. Ela estava ridícula, mas era engraçada.

A abracei e senti como ela enrijeceu.

– Está tudo bem Amber, só estou te mantendo aquecida... – ela abriu a boca para dizer algo, mas um barulho nós interrompeu. Viramos o rosto para a porta de vidro juntos.

– Quem está ai? – ouvimos a voz rouca que se aproximava da porta. Alguém estava descendo o corredor vindo de encontro a gente pela única saída.

Nós olhamos ainda abraçados, mas o frio que sentíamos agora vinha na barriga. Não tive tempo de pensar no que fazer. Amber estava com os olhos arregalados, a vi encher a boca de ar e nós atirar na água.

Depois do choque com a água quente os sons sumiram e não dava para saber se estávamos salvos ou encrencados e molhados.

Segundos que pareciam anos.

Devia ser o zelador, ele iria nos encontrar e seriamos suspensos, nossos pais chamados. Sra. Mirian, nunca mais deixaria Amber me ver depois dessa.

Amber me segurava com força e nós mantinha submersos, bolhas escapavam do meu nariz e me censurei por não ter percebido que Amber ia nós atirar na piscina a tempo e ter puxado ar também.

Mais bolhas.

Meu rosto estava criando caretas involuntárias, eu não tinha ar e estava começando a me mexer, era incontrolável.

Amber me censurou apertando meu braço com força, tentei me concentrar que eram segundos ali em baixo, não minutos. Amber se aproximou de mim e trocando as mãos lugar, que segurava meus braços para os meus ombros, me empurrou ainda mais para o fundo. Seu rosto chegou próximo do meu e seus lábios colaram nos meus. Ela resolveu me beijar naquele momento?

Não era um beijo.

Nada como foi com Vanessa, Amber pareceu abraçar meus lábios com os dela e assoprou, meu peito encheu de ar e eu entendi que aquilo não era mesmo um beijo. Tinha água, tensão e não senti os lábios dela deixar minha boca.

Não foi um beijo. Repeti para mim mesmo.

Ficamos por mais um tempo ali, até ficar claro que nós safamos. Se tivéssemos sidos pegos, não estaríamos ali ainda.

Amber fez gesto para subirmos, eu concordei e emergimos. Ela se adiantou e saiu da piscina.

– Precisamos sair agora! – ela parecia alarmada e nem um pouco constrangida com o que tinha acabado de acontecer na água.

ClepsidraOnde histórias criam vida. Descubra agora