I - Rejeição e aliados

951 169 859
                                    

Foi só um minuto.

Ou talvez até menos.

Acho que eu não estava em devidas condições para conseguir cronometrar os segundos.

Mas em resumo, não havia demorado muito para que tudo ao meu redor se transformasse em um terrível caos e minha passível e renovadora noite de sono fosse para os ares.

Eu conseguia ouvir tiros ressonando através das paredes finas, gritos agudos e graves, as vezes desesperados, as vezes de medo, outros de espanto, e alguns eu sequer conseguia tentar distinguir. Ouvia passos secos pelos diversos corredores lá em baixo, pessoas correndo. Eu nem queria imaginar do que, ou para onde.

Enquanto parecia que o inferno acontecia a menos de dois andarem de onde estavam meus pés, eu corria pelo longo corredor do terceiro andar, sendo puxada apressadamente por minha dama de companhia que corria ao meu lado, ela estava claramente em prantos, porém se negava a olhar pra mim e expor as lágrimas.

— Emmeline, você está bem? O que está acontecendo? — quis saber, enquanto tentava diminuir os passos, porém seu pequeno corpo me puxava pelo tecido do roupão branco. Sabia que se parasse de andar, ela daria um jeito de me pôr nas costas.

A criada nada disse em relação a minha pergunta, praticamente fingiu não ouvir, só balançou a cabeça em concordância a primeira pergunta, creio eu. Podia ouvir suas fungadas de um choro silencioso enquanto a mesma corria em minha frente.

— Não se preocupe, Princesa. A senhorita logo estará segura.

A loira parecia tentar me tranquilizar, e aquilo me preocupava, aquela simples frase só poderia significar uma coisa, que de longe seria o que Emmeline gostaria de ter dado a entender, mas que era óbvio.

Naquele momento enquanto corria pelos corredores, eu não estava segura.

Continuamos correndo, agora em silêncio, eu não via sinais dos meus pais, nem de nenhum dos guardas. Era madrugada, os corredores deveriam estar com um guarda em cada uma das portas, vigiando, fazendo rondas ou o que fosse, mas não deveria estar deserto daquela maneira. Contudo, todo os integrantes do Palácio pareciam estar no primeiro andar.

Eu morara no Palácio por toda a minha vida, mas nunca me pareceu tão grande, nunca me parecia tão pouco com a minha casa. Não enquanto eu estava praticamente sozinha fugindo do desconhecido, do que sabia que podia surgir a qualquer momento e com um único disparo, me tirar do mundo dos vivos. E nesse momento, não haveria coroa, trono ou títulos. Eu seria só mais uma garota que iria ser morta.

O pior é que eu sabia que não estávamos devidamente protegidos, seja lá o que estivesse exatamente acontecendo nos andares de baixo, não éramos atacados com frequência. Pensando bem, eu não me lembrava de uma única vez que estivera passando risco de vida dentre os muros do Palácio.

Eu podia sentir meus próprios pés doerem e minhas panturrilhas implorarem por descanso, eu era acostumada a correr, mas minha respiração estava descompassada, e não conseguia controla-lá.

Eu estava nervosa, muito nervosa.

Finalmente, chegamos a um grande quadro na parede, Emmeline parou abruptamente e por pouco não estabaquei no chão diante da velocidade que era exigida de minhas curtas pernas. O quadro em questão media cerca de quase dois metros de altura, nele estava pintado um homem gordo, carrancudo e de olhos pequenos, fora o último integrante da família Yoshida a subir ao trono Japonês. Se chamara Kenty Yoshida, e fora morto em uma viagem de navios a América do Sul, apenas três meses após o casamento com a princesa da Coréia do Sul, Kaya Tanaka, consequentemente a princesa foi obrigada a se casar com o filho bastardo do rei Yoshida, meu descendente, Sasuke Yukimura, consequentemente fazendo a atual família subir ao trono.

SakuyaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora