Capítulo 25 - No topo da montanha

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–  Mas... –  ele temia que ela voltasse a trabalhar e algo ruim acontecesse, mas não ousou dizer. Caitriona já alimentava seus próprios temores e não era ele que iria assustá-la ainda mais –  Tem certeza?

–  Sim, ela disse que tá tudo bem –  Cait confirmou, enquanto se dirigiam para o carro, que estava estacionado do outro lado da rua. Sam abriu a porta do passageiro para ela e dirigiu-se para o lado do motorista  – Mas falou pra eu pegar leve. Nada de cavalos, nada de aviões, nada de sexo... por enquanto.

–  Vou ter que arrumar outra forma de te entreter então – ligou o carro –  Isso quer dizer que não precisamos ir direto pra casa agora?

    Ela confirmou com um aceno de cabeça, tentando entender o que ele queria dizer com isso. Até onde sabia, não tinham nenhum plano, além de avisar a equipe que poderia voltar a gravar no dia seguinte... e talvez planejar o casamento, mas nada imediato.

–  Onde estamos indo, Sam? –  ela notou que ele saiu da rota habitual para casa. O caminho do apartamento para o consultório era bem familiar, uma vez que eles iam lá toda semana.

–  Tenho uma surpresa pra você – ele sorriu, olhando-a de esguelha por uma fração de segundos antes de se voltar para o trânsito.

–  Lá vem você com essa história de surpresa de novo–  ela disse, revirando os olhos.

    Ela tentou não ficar muito ansiosa com a tal surpresa, então se ocupou em mandar mensagem para Maril avisando que voltaria a gravar. Eles já tinham combinado tudo: se fosse alguma cena mais intensa, usaria dublê e a barriga ainda não estava aparente para atrapalhar nas roupas de Claire. Sabia que a carga horária não poderia ser a habitual, para não se forçar muito, mas isso não seria um empecilho –  segundo a própria Maril.

    Ela olhou pela janela e notou que estavam na rodovia, saindo da cidade. As montanhas se amontoavam ao longe, o céu num azul tão intenso que quase a cegava. Era um dia ensolarado e incomum, mesmo para o verão escocês. Sam dirigia em silêncio, enquanto tocava uma música qualquer no som do carro. Os dois tinham gostos musicais bem distintos, mas Caitriona não reconhecia aquela que estava tocando. Ele tinha uma das mãos no volante, a outra sobre sua coxa, como de costume, alternando com o câmbio.

    Deixaram a rodovia, entrando numa estrada secundária. Ela serpenteava uma montanha, até o topo. Ele estacionou no meio de um gramado, e sem dizer nada, desceu do carro e abriu a porta para ela.

    Ele segurou a mão dela e puxou-a para a frente do carro. O horizonte se abria em frente a eles. Verde, azul e branco. O verde das encostas cobertas de grama e árvores grandes e pequenas, novas e antigas. O azul intenso do céu, que se refletia no olhar intenso que Sam lhe lançava, analisando-a com cuidado. O branco das nuvens, fofas como algodão que se amontoavam sobre suas cabeças.

    O vento era gelado e fazia com que seus cabelos soltos lhe açoitassem o rosto. Ela apenas abraçou a si mesma, num movimento involuntário. Percebendo que ela estava com frio, Sam puxou-a contra si, ficando atrás dela e envolvendo-a com seus braços quentes.

– É lindo, Sam  – ela disse, por fim, aproveitando o ronronar de sua respiração em seu ouvido. Ele estava encolhido junto a ela, apoiando o queixo em seu ombro.

–  O que você acha? –  ele perguntou, virando-a para si, face a face, mas ainda naquele abraço.

–  Como assim?

–  Podemos construir a casa bem ali, onde está o carro –  ele apontou, em seguida soltando-a e caminhando até o carro –  Aqui poderia ser a varanda, com a vista para o horizonte, e mais ali atrás, nosso quarto... aqui do lado, o quarto do bebê –  ela continuava parada no mesmo lugar, observando conforme ele gesticulava –  E lá no canto podemos fazer uma piscina.

    Ele parou por um segundo e encarou-a, esperando uma resposta, uma reação, qualquer coisa. Ela continuava parada, boquiaberta.

– Cait? –  ele atravessou o espaço que os separava em algumas passadas rápidas, parando bem pertinho dela – Não gostou? –  sua expressão mudou de empolgação para preocupação em uma fração de segundos.

– Não – ela disse, por fim, tentando organizar os pensamentos e transformá-los em palavras – E-eu só não imaginava.

–  Se não quiser, querida, tudo bem –  ele a abraçou de volta –  Eu sei que é meio retirado, longe da cidade. Não fechei negócio ainda, queria te trazer aqui antes.

– Eu nunca me imaginei num lugar assim, Sam. Nunca me vi entre as montanhas. Sempre me imaginei sobre um monte de cimento, com o barulho da cidade e o cheiro de poluição. Eu nunca nem sonhei com um lugar assim –  ela falou de uma vez, erguendo o rosto para encará-lo –  Isso aqui é muito mais do que eu jamais sonhei.

–  Isso... isso quer dizer que gostou, então? –  ele perguntou, confuso.

–  Agora eu consigo imaginar o bebê correndo por aqui. E lá onde você mostrou, imagino uma enorme janela de vidro, talvez a parede toda, nós três, sentados à mesa, observando a neve caindo do lado de fora –  ela sentiu as lágrimas escorrendo por sua face – Eu não acredito que estou chorando de novo! –  sorriu, enquanto ele secava delicadamente suas lágrimas.

– Agora eu tenho quase certeza que você gostou – Sam sorriu, pousando uma das mãos sobre a pequena protuberância que começava a despontar em sua barriga.

– Sam, eu amei –  ela falou finalmente, colocando a mão sobre a dele.

– Tenho um pressentimento de que vamos ser muito felizes aqui –  ele disse, puxando-a para um beijo lento, quente, e demorado.

Kiss meTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang