26 - Perfume de Rosas

Začať od začiatku
                                    

- Não. – Responde Pedro sorrindo. – Na verdade não existem recepcionistas aqui. Todos que trabalham acabam recebendo e tentando ajudar às pessoas que vem pela primeira vez na casa. Mesmo que não seja sua primeira vez. Como é seu caso.

- É verdade.

- Mas, como lhe disse, fique à vontade e sente onde achar melhor. Alguns preferem sentar-se nas pontas dos bancos, perto do corredor central. Acham que assim receberão mais auxílio. Mas não é verdade. Todos que precisam receberão a ajuda necessária.

- Mas você ainda não me disse o que você faz aqui.

- Sou médium.

Andreia aperta mais os braços contra seu corpo e abaixa um pouco a cabeça, incomodada com a resposta de Pedro.

- Não precisa se preocupar. Eu não vou incorporar nenhum irmão aqui na sua frente agora.

- Desculpe. Foi uma reação impensada.

- Não precisa se desculpar. Muitos tem o mesmo tipo de reação. Muitos acreditam que pelo fato de um médium estar conversando com eles em um Centro Espírita, é sinal de que tem algo de muito errado com eles.

- Acho que eu sou uma dessas pessoas. Não é isso?

- Não. Imagina. Realmente foi só com o intuito de lhe ajudar. Vi que estava um pouco perdida, sem saber o que fazer, por isso vim falar com você. A propósito, me chamo Pedro.

- Meu nome é Andreia. Vim com meu pai que está conversando com aquele senhor ali no jardim.

- Seu Hernan! A melhor pessoa que ele poderia conversar para tirar qualquer dúvida e receber a ajuda que precisa.

- Como você sabe que ele está tirando dúvidas? – Pergunta Andreia um pouco intrigada.

- Fique tranquila, não é por causa da mediunidade que sei disso. Normalmente uma pessoa vem a um Centro Espírita para tirar dúvidas, receber esclarecimentos, receber ajuda. Dificilmente você vai encontrar alguém por aqui que veio passear. – Responde Pedro sorrindo.

- É claro. – Responde Andreia um pouco constrangida. – Desculpe.

- Não precisa se desculpar. Bem... Seja bem-vinda, mais uma vez, e fique à vontade. Preciso me sentar.

- Obrigado. – Responde Andreia estendendo a mão para cumprimentar Pedro.

- De nada. – Pedro estende sua mão para responder ao cumprimento de Andreia e quando a toca, em sua mente, surge imagens de um pequeno garoto andando em uma longa estrada que atravessa um descampado. É noite, e somente uma pequena luz acompanha o garoto, como se fosse uma pequena estrela ao lado do rosto. Pedro se aproxima do menino, mas este não consegue perceber a presença do rapaz ao seu lado. Seus olhos seguem fixos no final da estrada, tentando saber aonde ela chegará. A princípio, os únicos sons são dos passos do menino e do vento frio que sopra. Pedro não entende por que o garoto não tem medo. Até que escuta a voz do garoto que responde para alguém que Pedro não consegue ver.

- Eu sei vó. Não estou com medo. Vou continuar caminhando. – Fala o garoto. – Não consigo ver esse anjo que a senhora disse ter acabado de chegar, mas se a senhora diz que veio me ajudar, eu acredito. Obrigado anjo. – Fala o garoto acenando com a mão direita enquanto continua a caminhar.

Pedro abre os olhos, respira fundo e fala para Andreia, ainda com a voz presa pela respiração e com uma entonação diferente da que fala normalmente.

- O garoto... A avó o está ajudando. Mas não basta somente a ajuda dele. Onde está o pai? A provação é de todos. Todos precisam passar juntos para que possam evoluir. Por que ele não veio?

Assustada, Andreia puxa sua mão. - Por que você está me dizendo isso?

- Desculpe não foi minha intenção. Eu não sei lhe explicar o que houve. Isso nunca aconteceu antes. – Tenta se justificar, Pedro, ainda mais assustado que Andreia.

- O que está acontecendo? – Pergunta Paulo que voltava do jardim com Hernan.

- O senhor sabe muito bem o que está acontecendo. – Fala Andreia se virando para o pai irritada com a situação. – Foi o senhor que mandou ele me falar essas coisas.

- Do que você está falando? - Pergunta Paulo, sem entender a acusação da filha.

- O que está acontecendo, Pedro?

- Eu estava terminando de receber esta moça e quando fui me despedir dela apareceram umas imagens na minha mente, como se fosse uma mensagem para ela e acabei falando sem ter a intenção e ela se irritou com a situação e... – Tenta explicar Pedro para Hernan.

- Sem ter tido a intenção, não! Pelo menos fale a verdade. Ele e meu pai combinaram para falar tudo e tentar me convencer. – Interrompe Andreia.

- Desculpe, filha. Mas não fazemos esse tipo de "artimanha" aqui no Centro. Se você se acalmar, tenho certeza de que poderemos esclarecer tudo. Sente comigo e, me explique o que aconteceu.

- Eu estou muito nervosa. Desculpe, mas acho que não seria o momento certo para falar nada. Acho que o melhor é sair daqui.

- Se você for agora, não será bom para você. Venha vamos conversar. Me conte. Só me deixe ouvi-la. Se depois, você quiser ir, sem acompanhar o trabalho, não terá nenhum problema.

Um pouco relutante, Andreia aceita o convite de Hernan e eles caminham até um dos bancos que ficam encostados na parede do corredor principal da entrada.

Pedro e Paulo ficam perto da entrada do salão.

- Me desculpe. Minha intenção não foi de perturbar sua filha.

- Não se preocupe, meu filho. Ela está passando por muitas dificuldades e já está nervosa há algum tempo. Mas pelo menos me explique o que aconteceu para que eu possa entender.

Médiuns (Completo)Where stories live. Discover now