Capítulo XXIII - Sangue, Terra e Folhas ao Vento

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Um grunhido ameaçador flutuou no ar. Evon riu desagradavelmente.

— Seus grunhidos e rosnados não me assustam, besta feroz! É uma pena que Aimée queira-o tanto. Tenho certeza, no entanto, que ela não me decepcionará.

Gelo encheu a veias de Nessie ao compreender o prazer homicida na voz de Evon. Ele era como Amy. Ela não se lembrava de já tê-lo conhecido, embora só por sua voz sentisse que deveria estar grata por isto. Alguma coisa naquele homem não estava certa. Ness sentia a maldade dele saindo em ondas e manchando o ar.

Ela não estava indo ser entregue numa bandeja de prata sem lutar. Usando das suas reservas de força ela tentou se soltar dos braços que a seguravam. Ela grunhiu e rosnou para o homem a apertando em seus braços fortes e lutou pela libertação.

— Tsc, tsc. A senhorita não vai a nenhum lugar. Seja um bom bichinho e comporte-se — mandou o homem em seu ouvido. Ness moveu a cabeça, irritada, e foi de encontro a um pescoço gordo e barbudo.

— Largue-me seu nojento. Vou matá-lo —ela rosnou, sacudindo-se. Por algum milagre a faca ainda estava em sua mão. Ela só precisava de uma boa posição para atacá-lo.

— Quieta, aberração, se não quiser que eu quebre seus dentes — O humano apertou sua coxa ferida.

Ness ofegou. O ferro entrou ainda mais na carne, rompendo algum ligamento dentro dela que a fez ver o triplo. A dor que veio a seguir a fez entrar em frenesi e desligar suas vias psíquicas. Cada luz brilhante e emoção vivida apagaram-se dentro dela. Nessie entrou em fúria fria e foi essa fúria que a fez enfiar as unhas da mão livre no rosto do homem.

O humano gritou, largando-a. Ness caiu no chão agachada. Com a mão segurando a adaga e a outra liberta, ela passou a mão pelo ferro na perna e puxou para fora. O sangue esguichou como uma mangueira com água. A híbrida simplesmente ignorou, a dor e o ardor muito longe naquele momento.

— O que você está fazendo, Robin? Pegue a mestiça. PEGUE-A JÁ — berrou Evon. Ness o esnobou. Seus olhos estavam fixos no homem com o rosto retalhado por suas unhas, sangrando profusamente.

— Ela me arranhou! — gritou o tal Robin, seu rosto avermelhando-se de raiva. — Sua vadia!

— Uma vadia, de fato — sorriu friamente. — E essa vadia vai mostrar o porquê de não mexer com ela.

Num salto que arrancou suspiros de todos presentes, Ness atacou o humano, levando-o ao chão. Cinco outros humanos vieram para cima dela, agarrando-a por trás. Nessie gritou com uma banshee, cortando fora uma mão que e agarrou pela cintura com sua adaga. Automaticamente foi solta. Robin, que sangrava por conta de suas unhas, correu para ela. Ness riu com a fúria assassina do humano.

— Venha, porco. Venha para o abate! Vamos ver quem é o animal aqui — ronronou, equilibrando-se precariamente na perna boa.

Robin pegou a arma que havia em seu cinto e apontou para sua cabeça. Nessie não esperou que ele atirasse. Antes mesmo que a arma disparasse ela voou para outra direção. De repente ela estava nas costas de Robin, o pulso torcido virando brutalmente o pescoço do homem enquanto seus dentes alongados e pontiagudos mordia violentamente a veia pulsante sob a pele.

O sangue espirrou para todos os lados. Ness se fartou da violência e do sangue manchado por bebida alcóolica. Robin se sacudia com seus puxões, gritando palavrões e pedindo socorro. Nessie riu mentalmente pelo desespero do humano, bebendo até que sentisse se revigorar. Bebendo até seus ferimentos internos se fecharem e a vida encher suas veias com o melhor vinho que poderia existir.

As pernas de Robin vacilaram e ele despencou no chão. Ela foi com ele, movendo-se para não ser esmagada pelo peso. O coração de Robin enfraqueceu, pouco a pouco, até que não havia mais nenhum batimento e só o corpo de um morto.

Cicatrizes - Fanfiction CrepúsculoWhere stories live. Discover now